Os três principais candidatos ao governo do Paraná receberam juntos R$ 12 milhões da JBS nas eleições de 2014, último pleito em que foram permitidas as doações de pessoas jurídicas a políticos e partidos. Conforme a prestação de contas oficial, publicada pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral), a senadora Gleisi Hoffmann (PT) foi a campeã em arrecadação junto à empresa, com R$ 8,5 milhões. Na sequência aparece o senador Roberto Requião (PMDB), com R$ 2,4 milhões, enquanto que o governador Beto Richa (PSDB) teve R$ 1 milhão para a campanha.

Ao todo, a empresa repassou cerca de R$ 17 milhões a políticos paranaenses naquela disputa, entre senadores, deputados federais e estaduais. Em 2014, a JBS, dos irmãos Joesley e Wesley Batista, foi a principal doadora para campanhas políticas do País, atingindo o índice de 1 em cada 3 eleitos no Congresso Nacional, segundo levantamento do jornal "O Estado de S. Paulo". A marca confirma a filosofia da gigante mundial do setor de carnes de fazer entre toda a classe política "um reservatório de boa vontade". A revelação foi feita pelo diretor Ricardo Saud, em depoimento de colaboração premiada ao Ministério Público Federal (MPF).

O atual prefeito de Londrina e correligionário do ministro da Saúde, Ricardo Barros (PP), Marcelo Belinati (PP), que conquistou uma vaga na Câmara Federal, recebeu R$ 400 mil da JBS para a campanha eleitoral. Belinati, porém, afirmou que o dinheiro veio via direção nacional do PP. "A JBS fez, sim, doações ao Partido Progressista, da mesma forma que o fez, segundo informações da imprensa, para outros 27 partidos políticos", diz nota divulgada pela assessoria do prefeito. A prestação de contas no TSE mostra que houve dois repasses de R$ 200 mil cada da direção do PP para Belinati. "A exemplo de tudo que fez na vida, Marcelo Belinati, teve um mandato como deputado federal pautado pela transparência, honestidade e coerência. Em nenhuma votação ou ação parlamentar beneficiou a JBS ou qualquer outro grupo econômico", complementa nota.

Gleisi foi procurada pela reportagem e, também por meio de nota, comentou que "todas as doações recebidas na campanha eleitoral foram devidamente registradas em sua prestação de contas eleitoral e observaram todas as normas pertinentes". Beto já havia encaminhado nota na semana passada, onde afirma que "o Comitê Financeiro da Campanha Eleitoral de 2014 do partido esclarece que recebeu duas doações do grupo JBS S/A, nos valores de R$ 1.000.000,00 e R$ 1.000,00, respectivamente. As referidas doações estão declaradas na prestação de contas entregue à Justiça Eleitoral e em conformidade com a legislação vigente à época das eleições de 2014", disse o diretório em nota.

A assessoria de Requião, que recebeu dois repasses da JBS via direção do PMDB nacional e uma diretamente da empresa, via transferência eletrônica, não deu retorno.