O vereador Gerson Araújo (PSDB), que até ontem era o presidente da Câmara Municipal de Londrina, assume hoje, às 15 horas, a chefia do Executivo em razão da renúncia de José Joaquim Ribeiro (sem partido). Quarto prefeito de Londrina neste mandato, Gerson terá apenas três meses para administrar um deficit de mais de R$ 40 milhões e uma crise política que se arrasta há meses e se agravou com a cassação do mandato de Barbosa Neto (PDT) em 30 de julho e com a confissão de Ribeiro de que pegou propina das empresas que venderam uniformes ao município.
Após receber a carta de renúncia de Ribeiro, o pastor Gerson Araújo disse que está pronto para assumir a prefeitura, não irá fazer mudanças no secretariado pelo menos até as eleições e pretende ''pacificar'' a cidade. ''É uma situação que deixa qualquer um preocupado. Não esperava que isso acontecesse'', disse, referindo-se à prisão de Ribeiro. Em discurso na Câmara à tarde, após renunciar ao mandato de vereador, prometeu novamente ''calmaria''. ''O ideal seria que eu não estivesse aqui, que os prefeitos pudessem trabalhar de forma correta e nós, na Câmara, continuarmos com nossa tarefa. A cidade clama paz.''
À tarde, manifestantes do movimento anticorrupção Por Amor a Londrina acompanharam o discurso do novo prefeito na Câmara. Alguns manifestantes usavam máscaras contra o ''vírus da corrupção''.
O novo prefeito tem 70 anos, é natural de Cambará (Norte Pioneiro) e já foi vereador em Londrina entre 1983 e 1988. Formado em teologia e pedagogia, ele desempenha o ofício de pastor na 3 Igreja Presbiteriana Independente de Londrina e de capelão do Hospital Evangélico desde 1975.
Questionado sobre o que pode ser feito em três meses, o novo prefeito respondeu que fará ''o máximo possível''. ''Possivelmente dar uma pacificada na cidade, trazer calmaria e tentar fazer o máximo possível. O que é o máximo? Confesso que não sei.'' Gerson Araújo acrescentou que irá avaliar a situação da prefeitura para definir medidas. ''A primeira coisa que vou fazer é ''tomar pé'' da situação e convocar amigos que possam nos ajudar e até conselheiros para tentar fazer o melhor possível. Ele também mencionou a possibilidade de fazer uma auditoria nas contas da prefeitura e espera contar com a ajuda do Tribunal de Contas (TC) do Estado. ''Se não der tempo, fica para o próximo prefeito.''
O novo prefeito disse ainda que ''não pode fugir à responsabilidade'' mesmo que isto implique a impossibilidade de assumir novamente o cargo de vereador a partir de 2013, caso seja reeleito em 7 de outubro. A lei eleitoral cobra a desincompatibilização do cargo de chefe do Executivo daquele que optar por concorrer a uma vaga de vereador.
Porém, a tese do procurador jurídico da Câmara, Miguel Garcia, é que tal impedimento não se aplique ao tucano. ''Seu registro já foi deferido e ele pode continuar candidato. Se sua diplomação for questionada, vamos argumentar que o exercício do mandato de prefeito é uma atribuição do presidente da Câmara em caso de vacância do cargo de prefeito'', explicou. Para garantir sua elegibilidade, o novo prefeito também não deve fazer mudanças no secretariado. ''Não posso mudar absolutamente nada exatamente pelo fato de estarmos em plena campanha eleitoral'', disse Gerson.
Os secretários escolhidos por Ribeiro devem permanecer nos cargos. Ontem à tarde eles se reuniram com o secretário de Governo, Gervázio Luiz de Martin Júnior, que administra a cidade desde a semana passada, quando o ex-prefeito pediu licença médica de 10 dias. ''Eles disseram que vão continuar desempenhando as funções e trabalhando pela cidade'', afirmou Martin.