Curitiba - Faltam duas assinaturas para a Assembleia Legislativa (AL-PR) abrir a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Receita Estadual. Mas quanto mais perto chega do total de assinaturas – são necessárias 18 –, mais difícil fica para a oposição. Já são 14 meses de negociação. "E duvido que a gente consiga. O governo tem maioria na Casa e há muito medo de retaliação", analisa o deputado Requião Filho (PMDB).
Márcio Pacheco (PPL) diz que "só com muita pressão popular". Ele é da bancada que se diz independente, assim como Evandro Araújo (PSC), que vê com expectativa as negociações que acontecem nos bastidores. Quando eles assinaram a proposta de CPI, no ano passado, a chance de ela ser criada era mínima. "Tinham onze assinaturas quando eu aderi. Agora, que está quase, a gente ouve que acontecem negociações. Não gosto de saber que estão usando a minha assinatura para ganhar vantagens, mas também não penso em tirar meu apoio", disse ele.
"O governo não teme investigação", garante Luiz Claudio Romanelli (PR), líder do governo. Mas, segundo ele, a CPI pode mais atrapalhar que ajudar. "Nós já vimos casos, na história recente do País, onde CPIs só foram criadas para atrapalhar as investigações. Foi assim com a CPI da Petrobras no Congresso, criada para atrapalhar a Lava Jato. E teve aqui as CPIs do Pedágio. Duas que terminaram em pizza", citou.
De acordo com as investigações do Ministério Público, auditores da Receita Estadual identificavam empresas que deviam impostos para o Estado e cobravam propina para reduzir ou anular o valor das dívidas. Levantamento realizado pelo próprio órgão indica que o prejuízo causado aos cofres públicos chegue a R$ 1 bilhão. O caso é investigado pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco). Segundo o principal delator da Operação Publicano, Luiz Antônio de Souza, parte dos recursos desviados teria abastecido a campanha do governador Beto Richa (PSDB), em 2014. Tanto o governador quanto o PSDB negam a acusação.
Na Assembleia, 16 deputados assinaram o pedido de abertura da CPI da Receita Estadual: Ademir Bier (PMDB), Anibelli Neto (PMDB), Chico Brasileiro (PSD), Cláudio Palozi (PSC), Evandro Araújo (PSC), Gilberto Ribeiro (PRB), Gilson de Souza (PSC), Márcio Pacheco (PPL), Nelson Luersen (PDT), Nereu Moura (PMDB), Paranhos (PSC), Péricles de Mello (PT), Professor Lemos (PT), Requião Filho (PMDB), Tadeu Veneri (PT) e Tercílio Turini (PPS).