Eduardo Cunha e Michel Temer: ex-presidente da Câmara teria recebido R$ 5 milhões após a prisão em outubro do ano passado
Eduardo Cunha e Michel Temer: ex-presidente da Câmara teria recebido R$ 5 milhões após a prisão em outubro do ano passado | Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil



São Paulo - O presidente Michel Temer foi gravado por um dos donos do grupo J&F, proprietário da marca JBS, falando sobre a compra do silêncio do ex-deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ) , segundo o colunista Lauro Jardim, do jornal "O Globo". OAB defende investigação "rápida e profunda de gravações" feitas pela JBS.

De acordo com o jornalista, Temer indicou para resolver a questão o deputado federal Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), que posteriormente foi filmado recebendo uma mala com R$ 500 mil enviados por Joesley Batista.

Segundo o jornalista, Temer ouviu do empresário Joesley Batista, da JBS, que ele estava dando a Eduardo Cunha e ao operador Lúcio Funaro uma mesada na prisão para que ficassem em silêncio.

Ainda segundo o jornal, o presidente disse: "Tem que manter isso, viu?"
Segundo "O Globo", Joesley e seu irmão Wesley foram ao gabinete do ministro do Supremo Edson Fachin para selar um acordo de delação premiada.

A reportagem afirma que o senador Aécio Neves (PSDB-MG) foi gravado pedindo R$ 2 milhões a Joesley e que a quantia foi entregue a um primo do tucano, em ação filmada pela PF.

A delação, diz "O Globo", também menciona o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega como contato com o PT.

Joesley, diz a reportagem, pagou para Cunha R$ 5 milhões para o ex-presidente da Câmara após a prisão dele, em outubro do ano passado.

Seria a primeira ocasião de uma ação da PF em busca de provas em flagrante dentro da Lava Jato.


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ESTRATÉGIA
O presidente Temer começou a esboçar na noite desta quarta-feira (17) estratégia para evitar que a divulgação da eventual gravação desestabilize sua gestão e afete a votação de reformas governistas.
Em uma tentativa de reação, Temer se reuniu no início da noite com o ministros, políticos aliados e com o núcleo de comunicação do Palácio do Planalto para preparar um posicionamento público.
A ordem é, por enquanto, minimizar as acusações, passar um clima de normalidade institucional e defender que é necessário aguardar a divulgação das eventuais gravações.
Nos bastidores, contudo, assessores e auxiliares reconhecem que, caso os áudios venham a público, podem criar a pior crise enfrentada até o momento pela gestão peemedebista, com potencial de afetar a fidelidade da base aliada.
A avaliação é de que podem também fomentar os partidos de oposição a pressionarem por seu impeachment, já que o episódio ocorreu durante o mandato presidencial.
Um auxiliar de Temer, no entanto, lembra que o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), não é Eduardo Cunha e que, portanto, "dificilmente um pedido prosperará".
Até o fechamento desta edição, nem Temer nem Loures se pronunciaram oficialmente.

ADMITE ENCONTRO
Em nota à imprensa, Temer diz que "jamais solicitou pagamentos para obter o silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha. Não participou e nem autorizou qualquer movimento com o objetivo de evitar delação ou colaboração com a Justiça pelo ex-parlamentar." O presidente, no entanto, admitiu ter se encontrado com o empresário. "O encontro com o empresário Joesley Batista ocorreu no começo de março, no Palácio do Jaburu, mas não houve no diálogo nada que comprometesse a conduta do presidente da República."

Até o fechamento desta edição Loures não havia se pronunciado oficialmente.

OAB
O presidente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) Claudio Lamachia, defendeu investigação rápida e profunda sobre o conteúdo das gravações feitas pelo empresário Joesley Batista, dono da J&F, que, supostamente, mostram a tentativa de obstrução de Justiça pelo presidente da República, Michel Temer.
"São estarrecedores, repugnantes e gravíssimos os fatos noticiados por 'O Globo' a respeito de suposta obstrução da Justiça praticada pelo presidente da República e de recebimento de dinheiro por parte dos senadores Aécio Neves e Zezé Perrella", disse Lamachia, por meio de nota.
"A sociedade precisa de respostas e esclarecimentos imediatos. As cidadãs e cidadãos brasileiros não suportam mais conviver com dúvidas a respeito de seus representantes."
"Por isso, as gravações citadas precisam ser tornadas públicas, na íntegra, o mais rapidamente possível. E a apuração desses fatos deve ser feita com celeridade, dando aos acusados o direito à ampla defesa e à sociedade a segurança de que a Justiça vale para todos, independentemente do cargo ocupado."

Leia abaixo a nota oficial da Presidência da República
Imagem ilustrativa da imagem Em áudio, Temer dá aval à compra do silêncio de Cunha




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