Brasília A ampliação da máquina administrativa no governo Lula, com a criação de ministérios e secretarias, elevou para 35 o número de representantes do primeiro escalão com direito a gabinete na Esplanada dos Ministérios e está causando problemas. A reordenação do espaço físico tem causado ciúmes e disputa por salas.
Os ministros civis se queixam, por exemplo, do espaço reservado aos
militares, que ocupam quatro dos 19 blocos da Esplanada. Além do prédio em que funciona o Ministério da Defesa, os comandos do Exército, da Marinha e da Aeronáutica continuam nos edifícios a que tinham direito quando as três pastas não eram unificadas. Há quem reclame que neles há confortos ausentes nos demais blocos, como barbearias e amplas salas de espera.
O Ministério do Planejamento, que tem funcionários espalhados por dois
prédios, está fazendo um estudo de redistribuição de espaço e chegou a calcular a taxa de ocupação de cada edifício. O Bloco A da Esplanada abriga seis ministérios e ganhou três apelidos: Torre de Babel, X-Tudo ou Esplanadinha.
''É o maior número de ministros por metro quadrado'', comenta um funcionário, ao lembrar que a concentração de autoridades confunde até os ascensoristas. Os rituais do poder determinam que os prédios da Esplanada tenham elevadores privativos para os ministros, mas o do X-Tudo é partilhado pelos seis integrantes do primeiro escalão, que costumam andar acompanhados por auxiliares e às vezes querem usá-lo ao mesmo tempo. ''Como todos são ministros, fica difícil escolher a quem atender primeiro'', diz outro servidor.
De acordo com os cálculos do Planejamento, o ideal seria que cada prédio
abrigasse no máximo quatro ministérios, garantindo um índice de ocupação de 12 metros quadrados por servidor. No X-Tudo, trabalham 885 pessoas, com 11,47 metros quadrados per capita.
Já a Marinha mantém 472 funcionários no Bloco N, onde o índice é de
16 metros quadrados por pessoa. Pelas contas do Planejamento, o prédio tem espaço sobrando para mais 150 servidores. No caso do Bloco O, onde funciona o Exército, a área por funcionário é ainda maior: 18,33 metros quadrados. A situação não se repete nos edifícios da Aeronáutica e da Defesa, que estão com ocupação acima da média ideal.
Há cerca de 20 dias, alguns ministros se reuniram para tratar da questão.
Para atender a demanda, o Planejamento já requisitou ao Ministério dos Transportes o prédio do extinto Departamento Nacional de Estradas e Rodagens (DNER), que fica perto da Esplanada.
Para tentar amenizar o problema específico do X-Tudo, o governo quer
retirar de lá o Desenvolvimento Agrário, que iria para o Palácio do Desenvolvimento, no setor Bancário Norte, fora da Esplanada. Quer também transferir para o Bloco C parte do gabinete da ministra Benedita da Silva (Assistência e Promoção Social).
O ministro do Turismo, Walfrido Mares Guia, que ficou sem assento na
Esplanada por integrar o time dos novos ministérios, reclamou e vai conseguir sair do prédio do Banco do Brasil. Ganhará um gabinete no Bloco C. Por ora, as mudanças estão sendo feitas sem levar em conta os prédios dos antigos ministérios militares.