Deputados pedem providências à Aneel sobre quedas de energia

Deputados estaduais do Paraná encaminharão para a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) um relatório sobre quedas no fornecimento de energia no Estado e um pedido de providências em relação aos serviços prestados pela Copel.

Em audiência pública realizada nesta segunda-feira (18) na Assembleia Legislativa do Paraná (Alep), representantes de entidades do setor produtivo e do Sindicato dos Engenheiros do Paraná (Senge-PR) afirmaram que os serviços prestados pela Copel pioraram nos últimos anos. Estiveram presentes representantes da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), da Federação dos Trabalhadores Rurais e Agricultores Familiares (Fetaep), da Federação dos Agricultores (Faep) e da Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar (Fetraf).

Presidente do Senge-PR, Leandro Grassmann disse à FOLHA que o número de ocorrências (de queda de energia) tem aumentado e o tempo de reparo também.

No fim do mês passado, a Faep fez uma compilação de relatos de quedas de energia no meio rural, enviados por 54 unidades da Federação no interior do Estado. De acordo com a Faep, o prejuízo é grande no meio rural, pois a oscilação de carga que tem provocado a queima de sistemas elétricos de equipamentos.

Em outubro do ano passado, por exemplo, um aviário de Jardim Alegre, no Norte do Paraná, perdeu mais de 15 mil aves durante uma queda de energia (só 11 sobreviveram).

A audiência de ontem foi convocada pelos deputados Anibelli Neto (MDB), Arilson Chiorato (MDB) e Luciana Rafagnin (PT). Além da Aneel, eles disseram que vão enviar um documento ao Ministério Público Federal (MPF), ao Ministério Público Estadual (MP-PR) e ao Tribunal de Contas do Estado (TCE-PR).

RANKING DA ANEEL

Relatório da Aneel divulgado na sexta-feira (15) mostrou que, em um universo de 29 distribuidoras de todo o país, a Copel caiu do 10ª lugar, em 2021, para o 25º lugar no ano passado em termos de continuidade no fornecimento de energia. Foi a terceira companhia que mais regrediu no país, atrás apenas da Celpe (Pernambuco) e a Cemig (Minas Gerais).

De acordo com a Aneel, o DGC (Desempenho Global de Continuidade) da Copel no ano passado foi de 0,86 e a companhia ficou à frente da Cemig, da Neoenergia Brasília da CEE, do Rio Grande do Sul, e da Equatorial, de Goiás. A companhia paranaense apareceu atrás de outras 24 distribuidoras brasileiras neste índice, formado a partir da comparação dos valores DEC (horas médias sem energia) e FEC (frequência das quedas de energia) em relação aos limites estabelecidos pela agência.

Em nota, a Copel afirmou que o ranking da Aneel que colocou a companhia paranaense no 25º lugar entre as distribuidores do Brasil é “distorcido”. “O ranking divulgado pela Aneel é distorcido, pois não elenca as distribuidoras pelo tempo médio sem energia durante o período observado por empresa distribuidora (2023), o chamado DEC, que é a Duração Equivalente de Interrupção por Unidade Consumidora”, diz a nota.

Segundo a companhia, “13 empresas colocadas à frente da Copel nesse ranking da agência têm desempenho inferior ao da própria Copel, pois possuem um DEC superior a 7,85 horas, ou seja, acima do DEC da companhia paranaense. A meta da Aneel para a Copel em 2023 era de 8,7 horas. Portanto, foi batida com folga. Dessa forma, o ranking da Aneel induz a uma percepção equivocada da realidade no setor elétrico brasileiro”.

A Copel não enviou nenhum representante para participar da audiência de ontem na Alep. Mas na manhã de segunda-feira (18), a Copel realizou uma reunião de trabalho com a Comissão de Minas, Energia e Água da Assembleia Legislativa do Paraná e com representantes de entidades da sociedade civil do Paraná, que apresentaram suas demandas em relação ao fornecimento de energia no Estado.

Como resultado da reunião, a companhia vai organizar grupos de trabalho internos para analisar as solicitações e encaminhar cada uma delas para que recebam o tratamento necessário.

"A Copel está aberta a receber todas as entidades para discutir demandas técnicas e, assim, juntos tratar de soluções construtivas para os empresários e agricultores do Paraná", destacou o presidente da Copel, Daniel Slaviero.

Na semana passada, o presidente da Copel já havia recebido o presidente da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), Edson Vasconcelos, que informou que a entidade daria início à realização de fóruns regionais para discutir as demandas do setor, entre elas o fornecimento de energia elétrica. Após estes fóruns, a Copel e a Fiep vão criar um grupo de trabalho para discutir os temas levantados.

Participaram da reunião desta segunda-feira na Copel o presidente da Comissão de Minas, Energia e Água da Alep, deputado Luis Corti, além de representantes da Fetaep, Federação do Comércio do Estado do Paraná, Fiep, Sistema Ocepar e Faciap.