Ministro da Casa Civil, o mais próximo de Temer, ficou 21 dias de licença para retirada da próstata
Ministro da Casa Civil, o mais próximo de Temer, ficou 21 dias de licença para retirada da próstata | Foto: Lula Marques/AGPT



Brasília – De volta ao Palácio do Planalto após licença de 21 dias, o ministro Eliseu Padilha (Casa Civil) afirmou que não vai falar "sobre o que não existe", em referência às declarações de um delator da Odebrecht e do ex-assessor da Presidência José Yunes, que relatam a participação do ministro no episódio da entrega de um pacote no escritório do advogado, em 2014, por um operador do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
"Não vou falar sobre o que não existe. Está tudo baseado num delator", disse Padilha. Em meio à expectativa da divulgação da lista de Janot, em que o procurador-geral da República pedirá abertura de inquérito para pelo menos 80 nomes, o ministro da Casa Civil afirmou que o presidente Michel Temer "já firmou uma linha de posicionamento do governo" e que "citação não é motivo para nada". "Qualquer fala agora é prejudicial. Ficarei quieto", afirmou o Padilha.
No mês passado, Temer havia afirmado que um ministro denunciado será afastado temporariamente de seu governo. Em definitivo, somente depois de virar réu. Com as tensões aumentadas no Planalto e no Congresso com a proximidade da lista de Janot, auxiliares do presidente mantêm esse discurso para justificar que, mesmo que algum ministro esteja na lista, ele não será afastado de imediato. Somente se a denúncia for aceita.

PREVIDÊNCIA
Com resistências na base aliada ao projeto original da reforma previdenciária, Padilha tem o desafio de evitar mudanças importantes na proposta enviada pelo Palácio do Planalto. O ministro, o principal articulador da iniciativa no Congresso Nacional, se reuniu nesta segunda-feira com integrantes da Casa Civil e promoveu encontro com líderes do governo na Câmara e no Senado para discutir a estratégia governamental para a análise da proposta.
O presidente Michel Temer tem dito que não abre mão da idade mínima na proposta discutida. Nos bastidores, a equipe presidencial admite que, para manter os alicerces principais da reforma, o governo poderá aceitar o fim da isenção tributária concedida a entidades filantrópicas e a manutenção de tratamento especial para a aposentadoria de policiais.
A nova fórmula de cálculo proposta para a aposentadoria, que prevê 49 anos de contribuição para ter direito ao benefício integral, também é apontada por integrantes da equipe política como um ponto em que o governo pode ceder. Eventuais mudanças, no entanto, enfrentariam resistência da equipe econômica.
Preocupado com o risco de traições nas votações da reforma, Temer mandou instalar um gabinete de monitoramento dos deputados governistas, para antecipar focos de insatisfação entre aliados.
O mesmo procedimento foi adotado na votação do impeachment da proposta do teto de gastos, quando o presidente recebeu pessoalmente parlamentares indecisos ou que indicavam postura contra à orientação do Planalto.