Nesta semana dois fatores de peso levaram do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) do Ministério Público do Paraná a pedir novamente a prisão ex-diretor-geral da Assembleia Legislativa (AL) do Paraná Abib Miguel, conhecido como "Bibinho". A medida é resultado das provas colhidas na Operação Castor na qual o MP apurou que estava praticando comercio ilegal na fazenda dele em Rio Azul (Oeste) que está sob sequestro judicial. O fato do ex-diretor ter sido condenado a 23 anos de prisão pelo caso "Diários Secretos" pela 9ª Vara Criminal de Curitiba também pesou na decisão da justiça.

"Traduz um afronta a Justiça que havia determinado o sequestro dos bens dele, por isso pedimos a preventiva para ele deixar de dilapidar e subtrair aquele imóvel que será destinado ao ressarcimento público", justificou o procurador de justiça e coordenador do Gaeco, Leonir Batisti.

Bibinho está desde sexta-feira à noite recolhido no Complexo Médico-Penal de Pinhais (Região Metropolitana de Curitiba), depois da liminar expedida pela 4ª Vara Criminal de Curitiba. "Houve reincidência. Isso porque ele já estava com uma medida cautelar, com uso de tornozeleira eletrônica. Temos provas suficientes de que ele estava comercializando pinus e eucaliptos , sem autorização, no imóvel que está sob sequestro". Batisti adiantou que o Ministério Público está tentando judicialmente antecipar o processo de ressarcimento de bens em nome de Abib Miguel.

Na quinta-feira (16), a 9ª Vara Criminal de Curitiba proferiu sentença condenatória contra Bibinho. Ele foi condenado a 23 anos, 3 meses e 29 dias de reclusão pelos crimes de peculato (apropriação de dinheiro público), formação de quadrilha e lavagem de dinheiro. A sentença refere-se ao caso que ficou conhecido como "Diários Secretos", pelo qual o MP denunciou o ex-diretor por comandar uma quadrilha que desviou pelo menos R$ 200 milhões dos cofres da Assembleia. Cabe recurso à sentença.

REINCIDENTE
Já a Operação Castor, deflagrada na última segunda (13), cumpriu 7 mandados de busca e apreensão: na casa de Bibinho em Curitiba, em propriedades dele em Rio Azul e na casa do prefeito da cidade, Ricardo Solda. O trabalho de investigação é um desdobramento da Operação Argonautas de 2014, quando o ex-diretor da Assembleia Legislativa do Paraná foi preso pelo Gaeco em Brasília, no momento em que recebia cerca de R$ 70 mil do administrador de suas propriedades no estado de Goiás.

Batisti adiantou que o Ministério Público está tentando judicialmente antecipar o processo de ressarcimento de bens que estão em nome de Abib Miguel. Estima-se que o patrimônio do ex-diretor da AL, de parentes e de supostos laranjas seria de mais de R$ 200 milhões. Parte dos bens dele seria colocada a leilão em outubro. Entretanto, a defesa de Bibinho conseguiu anular o processo na justiça, alegando falta de apresentação do contraditório.

A FOLHA não conseguiu contato com advogado Acir Bueno Camargo que atua na defesa de Abib Miguel sobre as medidas que estão sendo adotadas para reverter a prisão.