Abib Miguel, o"Bibinho", está no Complexo Médico-Penal de Pinhais
Abib Miguel, o"Bibinho", está no Complexo Médico-Penal de Pinhais | Foto: Theo Marques/14-10-2011



A sentença condenatória a 23 anos de prisão do ex-diretor-geral da Assembleia Legislativa (AL) do Paraná, Abib Miguel, conhecido como "Bibinho", contribuiu para a prisão dele na última sexta-feira (17), na Capital. O pedido da prisão preventiva é resultado da Operação Castor na qual o Ministério Público apurou que o ex-diretor estava praticando comércio ilegal em fazendas no município de Rio Azul (Oeste) que estão bloqueadas pela Justiça.

Mas, segundo confirmou à FOLHA o procurador de Justiça e coordenador do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), Leonir Batisti, outro processo contribuiu para que sua prisão fosse decretada. Na véspera da prisão, ele havia sido condenado pela 9ª Vara Criminal de Curitiba a 23 anos, 3 meses e 29 dias de reclusão pelos crimes de peculato (apropriação de dinheiro público), formação de quadrilha e lavagem de dinheiro.

A sentença refere-se ao caso que ficou conhecido como "Diários Secretos", pelo qual o MP denunciou o ex-diretor por comandar uma quadrilha que desviou pelo menos R$ 200 milhões dos cofres da Assembleia. Cabe recurso.

"Traduz uma afronta à Justiça que havia determinado o sequestro dos bens dele. Por isso pedimos a preventiva para ele deixar de dilapidar e subtrair aquele imóvel que será destinado ao ressarcimento público", disse Batisti. Ao extrair madeira de seu sítio, Bibinho estaria dilapidando o patrimônio que foi tornado indisponível para repor as perdas no caso Diários Secretos.

Bibinho está desde sexta-feira à noite recolhido no Complexo Médico-Penal de Pinhais (Região Metropolitana de Curitiba). "Houve reincidência. Isso porque ele já estava com uma medida cautelar, com uso de tornozeleira eletrônica. Temos provas suficientes de que ele estava comercializando pinus e eucaliptos , sem autorização, no imóvel que está sob sequestro".

REINCIDENTE
A Operação Castor, deflagrada na última segunda, 13, cumpriu sete mandados de busca e apreensão: na casa de Bibinho em Curitiba, em propriedades dele em Rio Azul e na casa do prefeito da cidade, Ricardo Solda.

O trabalho de investigação é um desdobramento da Operação Argonautas de 2014, na qual o ex-diretor da Assembleia Legislativa do Paraná já havia sido preso em Brasília, no momento em que recebia cerca de R$ 70 mil do administrador de suas propriedades no estado de Goiás.

Batisti adiantou que o Ministério Público está tentando judicialmente antecipar o processo de ressarcimento de bens que estão em nome de Abib Miguel. Estima-se que o patrimônio do ex-diretor da AL, de parentes e de supostos laranjas seria de mais de R$ 200 milhões.

Parte dos bens dele seria colocada a leilão em outubro. Entretanto, a defesa de Bibinho conseguiu anular o processo na Justiça, alegando falta do contraditório.

A FOLHA não conseguiu contato com advogado Acir Bueno Camargo que atua na defesa de Abib Miguel sobre as medidas que estão sendo adotadas para reverter a prisão.