O analista político e professor de Filosofia da Universidade Estadual de Londrina (UEL), Elve Miguel Cenci, acredita que o prefeito de Londrina foi cassado ''pelo conjunto de sua obra'', ou seja, não apenas pelo suposto pagamento dos vigias de sua rádio com dinheiro público, mas por outras denúncias de graves irregularidades em sua administração, que hoje completaria três anos e três meses. ''O caso da saúde, por exemplo, era muito mais grave, mas, naquela época a Comissão Processante foi arquivada'', avaliou.
Para ele, a decisão era ''mais ou menos esperada'' inclusive pelo prefeito. ''As manobras jurídicas e o excesso de pedidos de liminares demonstram o medo que a defesa tinha que o resultado fosse o que que acabou acontecendo.'' Agora, diz o analista, a menos que tenha havido uma falha processual muito grave, a cassação está consumada.
O professor lembrou que durante toda a semana se especulava que 12 votos eram certos - a incerteza era quanto às posições de Eloir Valença (PHS), que mesmo advertido pelo partido se absteve da decisão; assim como Jairo Tamura (PSB); já Padre Roque (PR) votou pela cassação.
Cenci citou quatro fatores que contribuíram para o resultado de ontem: a sucessão de escândalos no governo, a manutenção de secretários acusados de irregularidades, a falta de habilidade na negociação com os vereadores e a proximidade do período eleitoral. ''Os vereadores são candidatos e não assumiriam o risco político de perder votos votando a favor de Barbosa'', comentou.
Com a cassação de Barbosa, que deve ficar inelegível por 8 anos, o cenário político de Londrina deve mudar. ''A candidatura do PT ganhará força porque antes a disputa estava polarizada entre Marcelo Belinati (PP) e o Barbosa'', analisou Cenci. ''Não vejo o Cheida muito competitivo, mas seria um importante aliado para o segundo turno.''