Curitiba - O desembolso de R$ 16,9 milhões de subsidiária da Companhia Paranaense de Energia Elétrica (Copel) para a aquisição de um avião turbo hélice será revisado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que regula as operações do setor. Segundo o deputado estadual Tadeu Veneri (PT), a Superintendência de Fiscalização Econômica e Financeira da Aneel enviou para a Copel requisição exigindo que o contrato seja enviado para Brasília em até 30 dias, onde passaria por análise da agência. A Copel disse que as informações serão repassadas à Aneel dentro do prazo estipulado.
A Aneel quer detalhes sobre a composição financeira da compra, finalizada em janeiro deste ano. Os técnicos de Brasília questionam o impacto da transação nos resultados orçamentários da empresa, que possui capital aberto na bolsa de valores. O documento também questionaria a participação do governo do Paraná na aquisição, pois a administração pública teria firmado acordo com a empresa prevendo que a aeronave seria utilizada pelo governador Beto Richa (PSDB) em viagens oficiais.
''É preciso avaliar a situação, pois imagina-se que deva haver alguma isonomia entre os acionistas da Copel. O governo pode ser majoritário, mas não é o único acionista da empresa'', pondera Veneri. A agência reguladora vê com ressalvas o uso compartilhado do avião, uma vez que o capital do negócio veio exclusivamente da Copel. No documento, eles perguntam se o governo irá pagar pela utilização e quanto. Sobre a questão, a Copel informou que o convênio com o governo estadual reduz custos operacionais, desonerando a companhia. Também defenderam que a empresa precisa da aeronave para o deslocamento dos diretores, gestores e técnicos da Copel.
O pedido da Aneel é mais um capítulo desta novela, que começou em março de 2011 quando o governador Beto Richa fez um contrato emergencial para o aluguel de duas aeronaves. A operação foi questinada pelo petista na Assembleia Legislativa (AL) e até o ex-governador Orlando Pessuti (PMDB) participou do debate, apresentando recibos com valor abaixo do contratado por Beto. Depois disto a administração leiloou dois aviões da frota estatal, arrecadando R$ 1,7 milhão.
No final do ano passado, a Copel chegou a suspender o pregão para a compra do avião, mas concluiu o processo arrematando o turbo hélice King Air, por meio da subsidiária Copel Distribuição e Transmissão. Veneri acusou o edital de excesso de detalhamento, que poderia levar ao favorecimento de empresas do ramo. Ainda assim, Beto Richa anunciou estudo para a compra de mais quatro aeronaves pelo governo do Paraná, mas a reportagem apurou que, passados seis meses, a ideia não prosperou e está fora de cogitação pela administração.