O governador Eduardo Leite pede a aplicação de “algo parecido ao Plano Marshal" para socorrer o Rio Grande do Sul na catástrofe que se abate sobre o Estado. Quando fala em Plano Marshall, o governador usa o sentido figurado. O citado programa, implementado pelos Estados Unidos, teve por objetivo reconstruir a Europa (especialmente França, Itália e Inglaterra) depois da destruição que o continente sofreu na 2ª Guerra Mundial, travada em seu território. As medidas à época tomadas foram elaboradas pelo general George C. Marchall, do Exército dos EUA (daí a denominação). E não tinha só o objetivo de consertar o que foi avariado pela guerra; também buscou a hegemonia política dos Estados Unidos na região frente à União Soviética, com quem os americanos começavam a Guerra Fria.

O presidente Lula, que voltou a Porto Alegre no domingo (5) com ministros, os presidentes do Senado e da Câmara dos Deputados (sobrevoaram a área sinistrada) declarou que o governo federal vai trabalhar “sem limites de recursos” para a reconstrução dos mais de 345 municípios impactados.

As equipes continuam trabalhando na área sinistrada (equivalente a dois terços do território estadual) e começam, em Brasília, as providências para atender a população e recuperar a infraestrutura no menor tempo possível. Além das simplificações que o estado de calamidade pública proporciona, os governos trabalham na simplificação de procedimentos com o objetivo do socorro chegar mais rápido aos flagelados.

Sabemos da necessidade de montagem de um plano nacional de contenção e controle das águas. De o governo federal aplicar um questionário a Estados e municípios, onde estes possam localizar e enumerar os problemas em seus territórios e com isso oferecer aos técnicos governamentais os elementos para a montagem do plano de salvação nacional. É o mesmo que o governador Eduardo Leite propõe para o Rio Grande do Sul nesse momento de sofrimento da população. Porém, no “nosso” plano – que pode ser implementado depois do socorro inicial aos gaúchos, a proposta é uma varredura nacional. Encaminhar os problemas do Sul, do Sudeste, do Centro-Oeste, do Norte e do Nordeste, dentro das características de cada região e objetivando o bem-estar as respectivas populações.

O qur ocorre no Rio Grande do Sul devido sua topografia, diversidade e característica de seus rios, dificilmente se repetirá nas outras unidades federativas. É por isso que pregamos a realização da enquete onde governadores e prefeitos possam enumerar os perigos de suas localidades. E, cada problema, merece a solução tecnicamente aconselhada.

Apesar de ser um país desenvolvido no posto de vista econômico e tecnológico (a 9ª entre as 54 economias mais desenvolvidas do mundo), ainda precisamos de muita atualização. Tanto que o governo, os congressistas e sociedade estão empenhadas nas reformas econômica e ainda têm o propósito de reformar a política e outros setores vitais da sociedade. Eliminar os gargalos que provocam inundações, secas e outros males é uma das carências. O que o Sul brasileiro necessita é apenas de recursos para reconstruir a infraestrutura pública e privada solapada pelas águas e fenômenos climáticos.

Excluindo-se as tormentas dos últimos meses, é o mesmo que todas as 27 unidades federativas e respectivos municípios necessitam, com uma diferença: os gaúchos, sinistrados, não podem esperar. Mas não muito porque, mais dias, menos dia, a tormenta poderá se abater nas outras regiões.

Dirceu Cardoso Gonçalves, tenente da PM e dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo)