Londrina, berço de uma história marcada por visão empreendedora, completa 89 anos neste

mês de dezembro. Fundada em 1934, a cidade emergiu da vasta extensão de terra roxa do Norte do Paraná, anteriormente uma densa floresta. O espírito visionário de seus pioneiros, principalmente os provenientes de Minas Gerais e São Paulo, marcou a colonização espontânea que ocorreu entre 1904 a 1908, desbravando a região, moldando-a para o que viria a ser.


A região viu um desenvolvimento acelerado após 1922, quando o governo passou a conceder terras para a iniciativa privada. Em 1924, a Companhia de Terras Norte do Paraná, ligada à inglesa Paraná Plantations Ltd., impulsionou a transformação da região com uma abordagem inovadora, incluindo a distribuição de títulos de propriedade e a subdivisão de terras em lotes menores.


Este modelo promoveu uma redistribuição de terras não estatais, impulsionando a agricultura, especialmente a cafeicultura, e o crescimento populacional e urbano.
Londrina hoje possui matriz econômica voltada a serviços, mas o agronegócio continua sendo muito importante. Neste ano, Londrina demonstrou um crescimento notável nas exportações, saltando da 14ª para a 6ª posição no Paraná, recuperando a posição perdida em 2017.


São quase 1 bilhão de dólares exportados. Soja, milho, café e açúcar são os principais itens da cesta exportadora. Este ano, a soja foi a grande protagonista com um salto exponencial. Esse avanço reflete a capacidade da cidade em se adaptar e planejar. Outro ponto que merece destaque, visto a diversificação dos setores, é o crescimento da indústria de equipamentos de movimentação em Londrina. A cidade tem um setor industrial robusto, mas é tímida a participação no mercado internacional. Existe muito espaço para crescer.


A diversificação dos setores produtivos alinhados à agenda ESG e dos Objetivos de
Desenvolvimento Sustentável da ONU, em parceria com o terceiro setor, sempre pensando recursos humanos e matéria-prima locais às pesquisas nacionais, tornará Londrina ainda mais eficiente e efetiva no mercado global.


Buscando o crescimento econômico e sustentável da cidade, cita-se também a cultura
filantrópica e de doações ao terceiro setor. O terceiro setor, devidamente habilitado pelas
instâncias superiores, possui a prerrogativa de investimentos sociais/ abatimentos tributários.


Pessoas e empresas podem destinar uma parte dos seus impostos devidos para o terceiro setor local, para projetos e ações em Londrina, gerando milhares de empregos, aumentando a renda e o poder aquisitivo local e aprimorando a competitividade empresarial. Nos Estados Unidos, na União Europeia, Reino Unido, Índia entre outros, o terceiro setor é amplamente apoiado pelo setor produtivo.


Um membro importante da cidade, o Centro Brasileiro de Inovação e Sustentabilidade (CEBIS), fundado em 1999, é proeminente em discussões sustentáveis e promove a inovação como motor essencial para o desenvolvimento econômico e social. Seus projetos e parcerias impulsionam práticas empresariais alinhadas aos princípios ESG e aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU.


O CEBIS foi protagonista na discussão e votação da lei 21.162 que incentiva a cultura
do bambu visando a disseminação do seu cultivo agrícola e a valorização do bambu como instrumento de promoção do desenvolvimento socioeconômico sustentável do do Paraná. A entidade também foi habilitada e classificada para a concorrida CNODS – Comissão Nacional para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Presidência da República – como representante do setor produtivo.


O reconhecimento global da Universidade Estadual de Londrina (UEL) pelo Center for World University Rankings (CWUR) como a 35ª melhor do Brasil, respectivamente, é um testemunho do compromisso dessas instituições com a excelência acadêmica e científica. Seu destaque em critérios como quantidade de trabalhos publicados e total de citações demonstra um impacto significativo no avanço do conhecimento usando dados locais. A UEL também foi reconhecida em várias categorias no Ranking The Impact 2023, sendo considerada a melhor universidade estadual do Paraná, a 2ª melhor universidade pública do estado e a 10ª mais sustentável do país.


A parceria com o terceiro setor com a excelência acadêmica dessas instituições não apenas gera orgulho e impacto, mas também abre portas para parcerias internacionais, financiamento de pesquisas e contribuições relevantes para o avanço científico global.


À medida que Londrina celebra seus 89 anos, reafirma-se como um exemplo de progresso, inovação e sustentabilidade. Londrina surgiu com coragem dos pioneiros e com as práticas de vanguarda da iniciativa privada. A cidade prospera economicamente, mas precisa aumentar seu valor nos salários do setor privado, aproximar as entidades do terceiro setor com empresas e dar visibilidade aos seus projetos inovadores, e principalmente atrair investimentos nacionais e internacionais voltados a economia do valor compartilhado, das partes, amplamente defendido pelo World Economic Forum em Davos, servindo de inspiração para outras regiões que buscam um desenvolvimento equilibrado e próspero.


Katiane Fátima de Gouvêa é presidente do Centro Brasileiro Inovação e Sustentabilidade ONG/OSCIP e tesoureira da Abrig (Associação Brasileira de Relações Institucionais e Governamentais)