Todo mundo já ouviu que Londrina só falta ser praia (ter mar) para ser a melhor cidade do mundo. Do ponto de vista do lazer, concordo, mas a forma científica fica muito mais correta. Se a água do nosso cartão postal fosse salina (salgada), seria assim importante para a qualidade do nosso ar. O Lago Igapó e outros lagos urbanos, podê-lo-iam ser transformados quimicamente em grandes filtros de Dióxido de Carbono, por exemplo. Mas, como? Por quê?

Antes de continuar alinhavado este enredo, friso que o texto não serve para almas pequenas, trata-se de um possível projeto de pesquisa científica pessoal. Apesar de ser quase impossível salinizar a água do Igapó, por diversos motivos, tenho certeza de que é mais fácil que qualquer tentativa de conscientizar a população. Entre dois milagres para resolver problemas ambientais; fico com a tentativa científica.

Segundo a Fiocruz, no artigo “Como a poluição do ar afeta o nosso cérebro?”; Os efeitos da poluição do ar sobre o cérebro podem contemplar desde aumento das mortes por AVC até pior desempenho escolar das crianças e adolescentes. Além de doenças respiratórias, respirar ar poluído também pode causar problemas em outras partes do nosso corpo. É uma zebra total.

Uma das principais causas para o aumento das temperaturas é a alta concentração de gases do efeito estufa na atmosfera. De acordo com a Agência Internacional de Energia, a emissão de dióxido de carbono atingiu um nível recorde de 36,8 gigatoneladas, provenientes principalmente da queima de combustíveis fósseis e de processos industriais.

Com a ajuda de grandes ventiladores tecnológicos, é possível capturar o gás carbônico. Ele é absorvido por meio destes aparelhos, separado dos outros componentes do ar, que são devolvidos à atmosfera. É um filtro. Processo caro e complicado para as cidades brasileiras fomentarem. Resta então tentar a captura de carbono por vias naturais ou biológicas. Então, agora o Lago Igapó volta no texto.

Já existe este procedimento. Os oceanos fazem este papel quando absorvem, por meio de fitoplanctons, transformando o Dióxido de Carbono em um “tecido” por meio da fotossíntese. Segundo um estudo científico publicado em 2023, na revista Nature, mais de 15 bilhões de toneladas do gás carbônico foram filtradas por meio deste processo biológico.

Por enquanto, este fitoplâncton especial que absorve e transforma CO2 em tecido orgânico por fotossíntese só existe nos oceanos. Cabe então estudarmos a salinização dos Lagos artificiais ou desenvolver estas algas microscópicas fotossintetizantes e unicelulares em lagos com água doce.

Poluição no ar não é apenas via dióxido de carbono (CO2). Respiramos outras substâncias que mesclam elementos como enxofre, monóxido de carbono, cloretos, fluoretos e até metais pesados, como mercúrio e chumbo. Mas o maior vilão dentre eles é o material particulado (MP), em especial, os MPs finos, com até 2,5 micrômetros de diâmetro (quase mil vezes menores que 1 milímetro), como explica Beatriz Alves de Oliveira, pesquisadora da Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP/Fiocruz).

No Brasil, nós temos aptidão nata de apenas remediar problemas sociais e, mormente, os ambientais. Tragédias naturais podem ser cronometradas, ocorrem nos mesmos lugares, salvo em adversidades que aumentam o raio destes acontecimentos. Claro que a ideia de salinizar o Igapó é uma pesquisa científica pessoal, com inúmeros desafios de fauna e flora. Porém fomentar meios de capturar dióxido de carbono e outros gases malignos se impõe como tarefa de toda sociedade pensar, enquanto ainda há tempo.

Ronan Wielewski Botelho, advogado e estudante de Física na UEL