Leio, nas mídias que visito, que o gado que segue o pato trump, protestou em algum lugar dos Estados Unidos em favor de sua ‘tese’ supremacista, com a idiotizante fala ‘faça a américa branca outra vez’.

Cara pálida, quando a América foi branca?

A América (de norte a sul) é vermelha (dos pés à cabeça), naquilo que seu povo originário tem essa cor de pele (avermelhada) por sua exposição ao sol e ausência de hábitos europeus de vestimentas sobre o corpo. E a América, consabido seja, é dos originários e isso nenhum novo ensino médio ou nenhuma escola cívico-militar haverá de desnaturar.

O homem branco (cara pálida, percebes?) veio, conquistou, colonizou e roubou as terras dos originários. Assim passou a história – queiram os deserdados de conhecimento ou não, suposto que a vida é uma viagem de ida e a história está registrada no hardware da existência.

O que não impede o gado de mugir seu sonho supremacista fálico, mentindo ao limite do desvalor da mentira, enquanto os cismes nadam no lodo da existência em favor de seu devaneio trôpego. Daí pedirem um rumo (governo) que favoreça o White collor, cerzindo com as margens de manobra que o fascismo oferta, a dose diária de degeneração social que essa américa pedida no cartaz solitário (adornado com a suástica dos nazistas) busca.

Não há tergiversar aqui. O supremacista é um criminoso histórico quando destila a sua visão esquálida da aventura humana, negando de ciência à tecnologia científica, suposto que os limites de sua aventura cidadã estão represados nas margens raciais de sua ignorância.

Foi essa gente que o charlatão olavo cooptou em favor de sua fala negacionista e imbecilizante que escalona pessoas e impõe limites às minorias, naquilo que busca desaparelhar o estado de políticas públicas de conforto e proteção aos desfavorecidos pelo capital.

Segue o roteiro da história mais infeliz da humanidade, naquilo que a alienação dos estandartes conforma e alimenta a mantença da equação de exploração dos povos, para felicidade do mundo mais valíaco de nossos dias.

O neo liberalismo, ao não encontrar alimento nos modelos históricos, convoca o medo e, através de seus mastins de violência, conduz com o berrante dos estúpidos sua própria massa de manobra. O fascismo é a expressão torpe dessa desvalia social, que produz e reproduz a canalha moral de nosso tempo.

É esse o recado subliminar que o cartaz fascista desencadeia: espraiar o medo para, através do temor, tanger a vontade dos povos, perpetrando o modelo colonizador do século XV – e la nave vá...

Esse desenrolar de fatos não é senão um balão de ensaio da tentativa de recondução do pato trump ao poder nos pilgrins. Lá, como cá, o pobre de direita tende a ser decisivo em favor da fasticização do mundo.

Venho enfrentando a armadilha neoliberal que se anuncia na proliferação dos discursos de ódio, erigidos sobre um palco de mentiras que, somadas, não valem o mugido de um zebu. Delenda Argentina...

Fato é que a luta não pode mais ser tímida. Aqui não se disputam conquistas neoliberais e sim o esgarçamento do tecido que envolve o modelo explorativo dos povos e da natureza, quer em face do cansaço visível daqueles, quer na conta do esgotamento dos recursos desta.

Daí e então, o latifúndio só teria lugar se a terra fosse vista e considerada enquanto bem de produção (de viés social) e não mais um bem econômico, cujo selo existencial conforma a especulação em favor dos neo colonizadores.

A mudança brutal das condições de vida em Gaya é mais que um alerta ao homem, naquilo que revela um aviso agônico do planeta em favor de cuidados imediatos que conformem uma zona de respeito.

Protocolos já não podem seguir desconhecidos em países ricos, enquanto os pobres teimam na trilha da fome, acalentando o preamar da existência na senda especulativa que embala o neoliberalismo e paga conta de seus ‘filósofos’ de aluguel.

É disso, afinal que se trata: ou enfrentamos os supremacistas que mentem a história, negando ciência e empatia, ou estaremos fadados a morrer abraçados com o planeta, naquilo que o supremacismo só está interessado em alimentar a cadeia social em favor de seu empregador colonizador.

Assim é que seguimos lutando a batalha de nossa época, ainda que seja cada vez mais difícil esgrimir o ódio e a mentira – genitores do próprio anjo caído e artesãos desse estado de coisas que alimenta o machismo, a misoginia, o racismo e as falsas promessas de um futuro em favor da árvore dourada da vida.

Adeus às ilusões, pois – enquanto há tempo de enfrentar a mentira de uma América branca.

Assim é que sigo negro, vermelho e amarelo; em que pese minha pele clara me fazer cada vez menos branco – naquilo que a estupidez de quem acredita no ideário supremacista me envergonha e diminui.

Tristes trópicos.

Saudade Pai.

João dos Santos Gomes Filho, advogado

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