Foi essa a fala de Tarcísio, o governador dos paulistas, após o ataque armado de um jovem de 16 anos, que resultou na morte de uma estudante e em duas outras feridas, na Escola Estadual Sapopemba, zona Leste de São Paulo, na manhã de segunda- feira (23/10).

No ponto, eis a fala: "se você me perguntar se eu tenho todas as respostas para lidar com esse tipo de situação, eu sinceramente não tenho. Ninguém quer ver alunos morrendo. Ninguém quer isso. A sensação que fica é de frustração. O governo falhou? Provavelmente, falhamos em alguma coisa. A gente não queria ter falhado".

Governador, ninguém quer ver alunos morrendo. Esse é o ponto comum que reclama uma resposta, quer à sua fala, quer ao conjunto de circunstâncias que desaguaram na reiteração da tragédia que se anunciou no país desde a disseminação dos discursos de ódio em polo de convívio com o conceito de armar os indivíduos para promover a segurança da sociedade.

Vamos ao início, suposto que falamos disso há muito tempo...

Quando o Brasil esteve, recentemente, entorpecido e se auto abanando o próprio rabo, ouvi da boca do mandatário messiânico, que o seu governo seria para as maiorias e que as minorias que se conformassem. Não li isso em algum sítio da rede mundial ou me contaram. Ouvi da boca do próprio messias a estultice a que antes e logo acima me refiro.

Noves fora do que leio nas mídias que visito costumeiramente, o jovem autor do homicídio paulista seria um homossexual vítima de bullying – conforme teriam dito algumas testemunhas.

Aqui e no ponto, seria de se indagar: a arma de que o homicida se valeu, para tirar uma vida e atentar contra duas outras, de que forma seria combatida com mais armas, quer estas novas armas estivessem em mãos de outras pessoas, quer empunhadas pelas próprias vítimas escolares? Com um hipotético tiroteio?

Não seria melhor, mais inteligente e menos perigoso cambiar a hipótese da troca de chumbo na escola pela valorização do convívio, em ordem a investir na acolhida empática das diferenças?

No ponto indagamos ao governador dos paulistas – como questionamos ao governador dos paranaenses, já que situação deveras assemelhada se passou em Cambé, ainda outro dia: você(s) investiu(ram) na contratação de psicólogos para atuarem em escolas públicas, dando suporte aos alunos e à comunidade? Quanto?

Minha crítica depende desta resposta, se ela vier...

Ademais disso, governar reclama muito mais do que vociferar contra as minorias, suposto que homem e mulher devem estar no centro de todas as demandas sociais, sem qualquer exceção – e a valorização da escola pública talvez seja nossa maior e mais relevante demanda.

Mas não. O governo de São Paulo tem, pela educação, um nada de empatia e menos ainda de reconhecimento, conquanto demonstra o nenhum relevo que se lhe dedica – haja vista o recente episódio de renomeação de uma estação de metrô, onde Paulo Freire (nosso maior educador) deu lugar ao nome de um bandeirante qualquer...

E o governo paranaense? Teria apego à educação? Como tem tratado a educação o governo do Paraná? Aguardamos uma resposta...

Deveras, educar significa dar ao educando todos os cuidados necessários ao pleno desenvolvimento de sua personalidade. É isso que o governo dos paulistas faz? E o nosso?

Um jovem homossexual, vítima de bullying, está sendo tutelado em vias de se desenvolver plenamente?

Enquanto filho de uma professora (maravilhosa) lembro que aqui e agora não pretendo levantar a bandeira de valorização profissional do professor – ainda que esta seja a mais urgentes de nossas pautas.

Então qual seria meu pleito? Chamar os governadores às falas para despertarem do sono monumental (de 2016 para cá!) em que se encontram desde a proliferação do pensamento neoliberal que abandonou as minorias, implementando uma política de terra devastada que deixou no horizonte o outdoor da quebra das balizas racionais de convívio.

Já não temos tempo de desgostar das políticas públicas da esquerda, naquilo que a absoluta ausência de política pública da extrema direita lançou o país no limbo, à espera da abertura da porta do inferno. Neste quadro visualizamos Cérbero domado por pastores neopentecostais.

O que esperamos mais? Outros atentados? Mais mortes?

Tristes trópicos, onde a vida está desafiada na quebra de políticas públicas de convívio e na proliferação das intempéries que plantam as marés.

Saudade pai!

João dos Santos Gomes Filho, advogado