Socialização da responsabilidade ambiental
O Código Florestal Brasileiro precisa urgentemente de um ajuste para corrigir distorções que põem o produtor rural como único responsável pelo meio ambiente, quando a responsabilidade é de todos. Uma legislação que individualiza a responsabilidade ambiental para benefício coletivo é no mínimo preconceituosa pelo fato de discriminar o homem do campo, rotulando-o como devastador de florestas. Esses brasileiros devem ser sempre lembrados como heróis: pegar um Brasil cru e transformá-lo num importante país produtor de alimentos como é hoje, tem que ter o respeito da nação.
Num passado não muito distante, programas de governo impunham ao homem do campo a obrigatoriedade de substituir a floresta por lavouras ou pastagens, pois para o governo o progresso deveria vir a qualquer custo. Cabia ao produtor rural a responsabilidade de cumprir normativas que representassem o progresso. Do contrário, sofreria as consequências, tendo suas terras com mata em pé taxadas por serem consideradas terras improdutivas, além de não receberem títulos definitivos da posse.
Se houve excessos por parte dos produtores, a culpa era do governo da época, pois ordenava o desmate sem orientação técnica para que pudesse fazê-lo de forma sustentável, como sugere o Código Florestal em discussão no Congresso. A Comissão de Meio Ambiente da Câmara Federal deve ter o apoio da nação. Enquanto não houver uma legislação que contemple o produtor por preservar a mata em pé, qualquer iniciativa de reflorestamento com mata nativa é utopia devido ao alto custo de implantação.
DEMERVAL SILVESTRE é gestor ambiental em Paranavaí


Porque certas coisas acontecem

  Ter vida longa não é propriamente uma dádiva divina mas a necessidade de tempo para completarmos tarefas ou resgatar débitos anteriores (ou atuais), o que não deixa de ser uma oportunidade concedida. Da mesma forma, mortes consideradas prematuras não devem ser razão para inconformismo e até revolta ante ‘‘essas coisas incompreensíveis’’ que Deus permite.
  É comum questionar por que delinquentes às vezes vivem muito e pessoas boas, crianças e jovens, vão-se mais cedo. Ocorre que estes podem já ter cumprido a etapa que lhes cabia na presente passagem terrena. A dor da separação pode ser um carma apenas dos familiares, e os que vêm e partem em tenra idade podem estar se doando por espontânea vontade nesse processo. Fazem a sua parte e vão embora.
  Nossa essência primordial (diz-se a alma) é preexistente e, antes de aqui aportarmos, celebramos acordos. Primeiro com a mãe, que viria antes e aguardaria para nos abrigar em seu ventre. É, portanto, uma desinformação certos filhos rebeldes dizerem aos pais que não pediram para nascer. E há os casos de pais (ou quem irá cuidar dos que nascem) que encontram por esse meio a fórmula de servir ou quitar dívidas passadas. Ou podem ocorrer parcerias para missões especiais, independentes de carma.
  Seres das esferas mais altas têm vindo por voluntária decisão e aqui exercem variadas funções, em benefício da humanidade. Mesmo os tiranos têm uma missão, e esta é a questão menos compreendida, mas a prepotência deles é uma provação para nós.
  Muitas coisas desagradáveis acontecem para nos testar e, por meio delas, fazermos mudanças. Mesmo uma tragédia traz no seu bojo indicativos de prevenção. Perder a fortuna pode ser um salto de qualidade para evitar coisas piores (que nem sempre saberemos quais), abreviar caminhos e nos fazer melhores. Evoluir é alcançar o entendimento dessas coisas.

WALMOR MACARINI é jornalista em Londrina