Seria um bonito espelho d'água, não fosse o descaso espelhar a água suja, com a presença de lixo que a população atira ali e que permanece como demonstração de falta de cuidado por vários dias.

O local em questão é a Praça Rocha Pombo, no centro de Londrina, tombada desde os anos 1970 pelo Patrimônio Público do Paraná. O espaço denominado Rocha Pombo é uma homenagem ao advogado, escritor, professor e jornalista Francisco da Rocha Pombo que, se estivesse vivo, decerto não se calaria sobre o mau uso do espaço que leva seu nome.

A praça faz parte do conjunto paisagístico da antiga rodoviária de Londrina, hoje Museu de Arte, que foi projetada pelo arquiteto Vilanova Artigas - reconhecido em nível nacional e internacional - que deixou em Londrina as marcas de sua ousadia em muitos edifícios.

Isso é o suficiente para que esses espaços sejam bem cuidados, com a população reconhecendo o seu valor e cuidando melhor.

Procuradas pela FOLHA, como mostra matéria nesta edição, a CMTU, responsável pelas praças da cidade, e a Secretaria da Cultura, responsável pelo patrimônio histórico e cultural, igualmente não se responsabilizam pela manutenção da Praça Rocha Pombo, mantendo diferentes interpretações para a solução dos problemas.

A poucos metros dali, a Praça Tomi Nakagawa, é outro espaço que teve uma inauguração memorável - na comemoração do centenário da imigração japonesa em 2008 - e transformou-se num local desolado, sujo, que perdeu seus atrativos quando poderia se constituir como mais um ponto turístico.

O centro de Londrina merece cuidados pelo seu valor histórico e também como ambiente de circulação máxima em relação a outros eixos da cidade. Por isso, suas praças devem ser tratadas com muita dedicação, isso inclui o zelo da população e do poder público em reconhecimento pela cidade que, nos seus anos mais progressistas, teve também uma preocupação criativa que se reflete na sua arquitetura, um marco do que Londrina representou para a modernidade urbana do Paraná.

Que a cidade retome sua vocação de cuidado, ousadia e beleza, refletindo em seus espelhos d'água mais que o abandono.

Obrigada por ler a FOLHA!