Começou como uma obra de arte a e terminou como uma boneca assustadora. Enquanto a Momo era apenas a escultura de uma “mulher-pássaro” que enfeitava a parede de uma galeria de Tóquio, no Japão, não havia problema. Mas a partir do momento em que ela supostamente invade vídeos infantis do YouTube para incitar as crianças a cortarem os pulsos, o pânico se instala e o problema toma grandes proporções.

Desde que a figura de olhos arregalados e pele pálida caiu no mundo virtual, ela viralizou. De grupos em grupos de WhatsApp, os vídeos vêm sendo compartilhados na “intenção” de alertar as famílias. Mas provavelmente, o “alerta” acabou tendo efeito de multiplicar mais a imagem e mesmo sem querer os pais estão ajudando a tornar o pesadelo ainda maior.

A FOLHA dedica a reportagem especial e a entrevista desta edição (23/24) a debater os efeitos que esse tipo de conteúdo malicioso têm na vida das pessoas e chama para uma reflexão: como defender as crianças e jovens de “ataques” de vídeos, fotos e outros materiais impróprios que circulam na internet?

Por enquanto, o que se tem apurado é que os vídeos existem apenas nas versões em inglês e espanhol. O evento ganhou tamanha proporção que o canal YouTube Brasil, através do Twitter, publicou uma mensagem dizendo que não foi encontrado nenhum vídeo que promova um desafio Momo no YouTubeKids. E lembra que conteúdos nocivos ou perigosos são proibidos na plataforma, pedindo para que as pessoas denunciem caso uma mensagem perigosa seja encontrada.

O Instituto DimiCuida, situado em Fortaleza (CE), que se dedica há pelo menos cinco anos a trabalhos de prevenção, educação e acolhimento de vítimas e familiares de desafios no âmbito virtual, registrou um aumento, desde o ano passado, no número de ligações à procura de ajuda.

A orientação é sempre a mesma: conversar com as crianças e os jovens sobre o conteúdo que acessam na internet e explicar a eles os riscos que correm ao entrar em um ambiente virtual suspeito. E a respeito do fenômeno Momo, saciar a curiosidade das crianças, sendo transparente e verdadeiro, é a melhor alternativa. Além disso, desconfiar sempre de correntes alarmistas no WhatsApp. Lembrando que as fake news não existem apenas na política e no mundo dos adultos.