Participantes poderão conferir na Estação Agroecológica da Uenp técnicas aplicadas no cultivo orgânico de tomate, alface, feijão vagem e batata doce
Participantes poderão conferir na Estação Agroecológica da Uenp técnicas aplicadas no cultivo orgânico de tomate, alface, feijão vagem e batata doce | Foto: Fotos: Saulo Ohara



Bandeirantes - O Núcleo de Estudos de Agroecologia e Território (Neat), da Universidade Estadual do Norte Pioneiro (Uenp), realiza nos dias 11 e 12 de novembro, o 1º Dia de Campo Orgânico, no campus Luiz Meneghel, em Bandeirantes.
O objetivo do evento é apresentar as tecnologias disponíveis no mercado e aproximar os agricultores familiares orgânicos, agentes de extensão e empresas do setor. A expectativa é que em torno de 200 pessoas visitem a estação agroecológica montada no Neat durante os dois dias do evento.
Os participantes poderão conferir as técnicas aplicadas no cultivo de tomate, em estufa e em céu aberto, quatro tipos de alface, feijão vagem e batata doce. O espaço também conta com um quintal agroecológico, voltado para assentamentos, com produtos convencionais e não convencionais, como a taioba, plantas medicinais e condimentares. E mais uma unidade demostrativa com feijão e adubação, e adubação verde.
O dia de campo faz parte do projeto do Neat que capacita agentes de extensão rural com foco na agricultura orgânica. O trabalho é em parceria com a Emater e financiado pelo CNPq. "Estamos apresentando culturas que os produtores do Norte Pioneiro estão acostumados e tecnologias permitidas pela legislação brasileira", afirma Rogério Barbosa Macedo, coordenador do Neat.
Segundo os organizadores, o dia de campo será uma oportunidade de aproximar o agricultor das empresas que estão se abrindo para o manejo orgânico. "Hoje, o sistema orgânico tem tecnologias sendo comercializadas. E elas precisam chegar até ao agricultor, por isso a importância do dia de campo. Tem esse caráter de aproximar essas tecnologias e empresas dos agricultores e técnicos", comenta Macedo.
A agricultura orgânica brasileira apresenta um crescimento de 30% ao ano. No Paraná são 1.966 propriedades certificadas com uma produção anual de 130 mil toneladas aos ano. A região do Norte Pioneiro é considerada referência no Estado. São 78 agricultores familiares com certificação, mas a intenção é dobrar esse número em pouco tempo.
Para esse salto, Macedo defende a capacitação dos agentes de extensão. "Na nossa perspectiva é que se o técnico que trabalha diretamente com o agricultor estiver seguro sobre a tecnologia e a viabilidade produtiva e econômica, ele vai passar essa segurança ao produtor. E será maior a tendência dele migrar do convencional para o orgânico", diz.
Segundo ele, a tecnologia disponível dá conta da produção, mas o "gargalo está em fazer esse conhecimento chegar definitivamente ao produtor rural para que ele sinta que é possível e é seguro."
O avanço dos orgânicos, de acordo com o coordenador do Neat, está ligado aos incentivos que a atividade recebeu nos últimos dez anos, tanto do ponto de vista da assistência técnica, como dos programas públicos, como o Compra Direta e o Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae), que adquirem produto com bônus no preço, e da legislação própria.

REFERÊNCIA
A produção de orgânicos do Norte Pioneiro está centrada em hortaliças folhosas, legumes, frutas e açúcar mascavo. Dos 78 agricultores certificados, 45 são de Uraí. "Dada a realidade e campanha que é feita pela agricultura convencional, esse número é expressivo", comenta Macedo.
Os bons resultados dos produtores da região são frutos de um trabalho de quase 17 anos desenvolvido pela Emater. A produtividade média da região é de 7kg por planta. O mínimo esperado é de 5kg/planta, mas já houve propriedades produzindo entre 12kg e 15kg. "É uma produtividade altíssima", ressalta Ernestina Izume Muraoka, engenheira agrônoma da Emater de Uraí.
Para atingir essa produtividade foram criadas técnicas apropriadas e adaptáveis ao Norte Pioneiro. "O nosso foco é produção, produtividade e qualidade", reforça Ernestina. Mudou-se os conceitos de manejo de solo, foram adotadas variedades adequadas à produção orgânica, houve a simplificação da metodologia de pulverizações para controle fitossanitário. "A evolução tecnológica é necessária."
A demanda originou uma rede de fornecedores de insumos. Também se discute parcerias com empresas para adequação dos equipamentos à agricultura orgânica.

CERTIFICAÇÃO
O Estado implantou o Programa Paranaense de Certificação do Produto Orgânico, incentivado pela Secretaria de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti), em parceria com as universidades públicas do Estado, Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar) e o Centro Paranaense de Referência em Agroecologia.
As universidades e Emater prestam a assistência técnica, monitoram a produção e o Tecpar faz a auditoria para conceder o selo ao produto. A certificação é gratuita e tem validade por um ano, podendo ser renovada. O agricultor pode certificar apenas um produto e ter outras atividades na propriedade que seguem a agricultura convencional.