Imagem ilustrativa da imagem Saio tranquila, com o dever cumprido, diz Aurora
| Foto: Rubia Pimenta/Divulgação
Aurora Fumie: "Pagamos todas as dívidas da gestão do Fred, acertamos os salários e 13º dos servidores, e ainda deixei um superávit de R$ 400 mil para o próximo prefeito"


Cornélio Procópio - A renúncia de Aurora Fumie, a 22 dias para o término do mandato, foi recebida com surpresa, mesmo entre seus aliados políticos. "Ninguém esperava essa atitude. Aqui na Câmara o tumulto foi enorme, o clima é bastante tenso", contou o vice-presidente da Câmara de Vereadores, Fernandinho Peppes (PMDB).

Apesar de repentina, a decisão, segundo afirmou Aurora, em entrevista exclusiva para a FOLHA, foi refletida. "Quando assumi e percebi que estava tudo muito bagunçado na Prefeitura, pensei em desistir, pois achava que não conseguiria ‘arrumar a casa’. No entanto, reuni bons colaboradores e aos poucos fizemos nosso dever. Pagamos todas as dívidas da gestão do Fred, algo em torno de R$ 600 mil, acertamos os salários e 13º dos servidores, e ainda deixarei um superávit de R$ 400 mil para o próximo prefeito. Saio tranquila e com o sentimento de dever cumprido".

Aurora afirmou ter deixado o cargo para facilitar o processo de transição, uma vez que vinha sofrendo pressão do grupo de Amim Hannouche (PSDB). "Assumi a Prefeitura quatro dias antes das eleições. Logo após o resultado, Amim solicitou a transição. Para realizar esse processo, é necessário repassar relatórios minuciosos da situação do Município à equipe de transição. Mas como eu, que havia acabado de tomar posse, iria dar essas informações? Por isso pedimos um tempo para que pudéssemos nos inteirar e posteriormente implantar a transição. Seria inviável duas equipes, a nossa e a deles, realizando levantamentos simultâneos sobre cada setor da Prefeitura, iria tumultuar ainda mais a administração. Mas eles não entenderam, acionaram a Justiça para entrar com a equipe de transição e perderam".

O conflito atingiu o auge com constantes críticas em veículos de comunicação da cidade. "Percebi que iria ficar um clima tenso entre mim e a equipe de transição. Então decidi deixar a casa em ordem e entreguei a administração. Assim eles poderiam trabalhar tranquilamente, levantando todas as informações necessárias para a posse do novo prefeito. Fiz isso para facilitar a transição. Como a presidente da Câmara, Angélica, será a vice-prefeita, imaginei que não haveria problema. Eu não contava com o fato dela não querer assumir agora", ressaltou.

Ela negou ter renunciado para evitar se responsabilizar por possíveis irregularidades encontradas na Prefeitura. "Tenho documentos que comprovam que não há irregularidades, nós organizamos as finanças, não há dívidas com fornecedores atualmente. Conseguimos a Certidão Liberatória do Tribunal de Contas do Estado, que estava suspensa desde agosto", afirmou Aurora. Ela também ressalta que exonerou todos os cargos comissionados. "A previsão de desligamento deles é 31 de dezembro. Achei por bem mantê-los para acolher o novo gestor".

Aurora informou que foi realizado um relatório da situação da Prefeitura e protocolado junto à Câmara de Vereadores, para facilitar o trabalho da equipe de transição, porém, não houve tempo para conferir todo o patrimônio, como rege a Lei Orgânica.

Aurora, 63 anos, foi vereadora entre 2004 e 2012, tendo sua trajetória marcada pela fiscalização de escândalos de corrupção na Câmara e oposição ao então prefeito Amin Hannouche. Trabalhou por 35 anos no Núcleo Regional de Saúde e foi Secretária Municipal de Saúde por oito anos. (R.P.)