Washington – O presidente americano, Donald Trump, negou nesta quinta-feira (18) ter tentado convencer o FBI a deixar de lado uma investigação sobre seu ex-assessor de Segurança Nacional, Michael Flynn, por suas relações com a Rússia.
Consultado durante coletiva de imprensa na Casa Branca se em algum momento pressionou o então diretor do FBI, James Comey, Trump respondeu secamente: "Não. Próxima pergunta."
O presidente também criticou a investigação sobre o suposto conluio de sua equipe de campanha com a Rússia, que chamou de "maior caça às bruxas" na história do país. "Esta é a maior caça às bruxas individual de um político na história americana!", escreveu Trump no Twitter, um dia depois do ex-diretor do FBI Robert Mueller ter sido designado como investigador especial da suposta interferência russa nas eleições americanas.
Também via Twitter, Trump acusou o antecessor Barack Obama e a rival democrata nas eleições, Hillary Clinton, de "atos ilegais", que não especificou. "Com todos os atos ilegais que aconteceram na campanha de Clinton e na administração Obama, eles nunca tiveram um conselheiro especial designado", escreveu em referência ao investigador especial.
O Departamento de Justiça nomeou Mueller como investigador especial, em um ambiente de crescente crise política nos EUA.
Na quarta-feira (17), Trump insistiu em sua inocência e expressou confiança que uma "investigação exaustiva" mostrará que efetivamente sua campanha eleitoral não teve ajuda de nenhuma "entidade estrangeira". Desde sua posse, em 20 de janeiro passado, Trump busca desesperadamente encerrar a polêmica por suas supostas relações com a Rússia durante a campanha, mas desde então o problema não parou de crescer e agora já ameaça paralisar sua presidência.
As investigações se concentram nas suspeitas de interferência da Rússia nas eleições presidenciais para favorecer Trump e no eventual conluio de seu comitê da campanha com estes esforços.
O procurador-geral interino, Rod Rosenstein, determinou, na quarta-feira, que "é de interesse público que exercite minha autoridade e indique um investigador especial para assumir responsabilidade neste caso".
Para liderar as investigações, Rosenstein escolheu o advogado Robert Mueller, que foi diretor do FBI entre 2001 e 2013. O procurador-geral disse esperar que "a questão seja concluía rapidamente".
No mais recente capítulo da interminável crise, agora o presidente americano é suspeito de tentativa de pressionar, em fevereiro, o então diretor do FBI James Comey a encerrar a investigação, uma atitude que, se confirmada, constituiria obstrução de justiça.
Trump surpreendeu Washington ao demitir Comey na semana passada, o que aumentou as críticas a seu governo.

FINANÇAS
A incerteza política em Washington afetava nesta quinta-feira o dólar e os mercados ao redor do mundo: Wall Street e as Bolsas europeias abriram em baixa, prudentes diante das dificuldades de Trump, assim como o mercado de petróleo em Nova York. A Bolsa de Tóquio fechou em baixa com a desvalorização da moeda americana e nem os bons números do crescimento do Japão conseguiram reverter a tendência.