A primeira-ministra britânica, Theresa May, aproveitou o encontro com Trump para discutir vazamentos de informações sobre o atentado de Manchester à imprensa dos EUA
A primeira-ministra britânica, Theresa May, aproveitou o encontro com Trump para discutir vazamentos de informações sobre o atentado de Manchester à imprensa dos EUA | Foto: Danny Gys/AFP



Bruxelas - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pediu nesta quinta-feira (25), em Bruxelas, que os países da Otan se concentrem no terrorismo e "nas ameaças da Rússia", em sua primeira reunião da Aliança na qual acusou alguns aliados de "dever enormes somas".
"A Otan do futuro deve se concentrar no terrorismo e na imigração, bem como sobre as ameaças da Rússia sobre as fronteiras leste e sul da Otan", declarou durante a inauguração de um memorial na nova sede da Otan sobre os ataques de 11 de setembro de 2001 e a queda do Muro de Berlim. Participaram da solenidade outros 27 líderes da Aliança Atlântica.
Em uma clara tentativa de aproximação, os aliados concordaram somar a Otan à coalizão internacional que luta contra os extremistas do grupo Estado Islâmico no Iraque e na Síria. "Os 28 aliados são membros da coalizão internacional e hoje aprovaremos a entrada da Otan como membro da coalizão", disse o secretário geral da Otan, Jens Stoltenberg. Para ele, a entrada da Aliança enviará uma "forte mensagem política de compromisso e de unidade na luta contra o terrorismo", mas isto "não significa que a Otan participará de operações de combate".
Este gesto, no entanto, não impediu Trump de pronunciar um discurso bastante duro, principalmente em relação aos compromissos financeiros dos países membros da Otan. O presidente americano reiterou um dos apelos históricos de Washington, o de que os aliados da Otan aumentem suas despesas militares. "Fui muito, muito direto com o secretário-geral (da Otan Jens) Stoltenberg e os membros da Aliança quando disse (que eles) devem pagar sua parte e respeitar suas obrigações financeiras", apontou, lamentando que "23 das 28 nações ainda não tenham pago o que deveriam pagar".
Trump deseja que os aliados atinjam o objetivo, fixado em 2014, de um orçamento para a defesa equivalente a 2% do Produto Interno Bruto (PIB) até 2024. Esse percentual, destacou ele, "é o mínimo para enfrentarmos as ameças muito reais de hoje", insistiu o presidente americano, ressaltando que "nos últimos oito anos" os EUA "gastaram mais com sua defesa do que todos os países da Otan somados".

ATENTADO
As primeiras palavras de Trump foram direcionadas às vítimas do "selvagem ataque" de Manchester, em memória das quais pediu "um momento de silêncio". "Primeira-ministra [britânica Theresa May], todas as nações choram hoje com você e estão junto com você", assegurou.
Já Theresa May afirmou que o ataque que fez 22 mortos durante um show da cantora pop americana Ariana Grande na noite de segunda-feira (22) mostra a importância "para a comunidade internacional, incluindo a Otan, de fazer mais na luta contra o terrorismo".
May aproveitou a ocasião para discutir com Trump sobre os vazamentos pela imprensa americana de informações sobre a investigação do atentado. A este respeito, o presidente americano prometeu uma "completa investigação". "Se for adequado, os culpados devem ser processados em toda a extensão da lei", declarou.
Nesta quinta-feira, o Reino Unido decidiu parar de compartilhar informações sobre o atentado em Manchester com os EUA após autoridades norte-americanas vazarem dados à imprensa, como o nome do homem-bomba. A decisão foi tomada pela polícia de Manchester, não pelo gabinete da primeira-ministra. O governo britânico teme que a divulgação precipitada de informações possa comprometer a investigação sobre o ataque terrorista.