Washington - O candidato republicano à Casa Branca, Donald Trump, que insultou os imigrantes em situação ilegal e prometeu deportá-los, parece moderar suas posturas sobre imigração, ao mesmo tempo em que sua adversária, Hillary Clinton, faz nesta quinta (25) um discurso sobre o gosto republicano por correntes racistas.
Apesar de ter relançado sua campanha na semana passada, Trump ainda envia mensagens contraditórias.
Por um lado, contratou como diretor-geral de sua equipe o chefe do conservador site Breitbart. Por outro - e cedendo às pressões da liderança republicana -, o candidato cedeu ao uso de um teleprompter para ler discursos mais estruturados do que antes.
Mais disciplinado, o magnata agora se concentra em lançar dardos contra a oponente democrata e repetir sem cessar as acusações de tráfico de influência por intermédio da Fundação Clinton.
Além disso, tenta ampliar sua base eleitoral de homens, brancos e mais velhos, também sinalizando para os eleitores negros e latinos, tradicionalmente democratas. Hoje, o magnata se reuniu com líderes de ambas as comunidades na Trump Tower, em Nova York.
Acima de tudo, o candidato deu a entender que já não aprova a deportação em massa dos mais de 11 milhões de pessoas que vivem clandestinamente nos Estados Unidos, a maioria de origem latino-americana. Essa foi a pedra angular de sua candidatura durante toda a campanha pelas prévias. "Certamente, pode ter um abrandamento, porque não estamos buscando ferir as pessoas", declarou ele à rede conservadora Fox News na terça-feira. "Terão de pagar impostos, não é uma anistia", explicou, no dia seguinte, à mesma emissora. "Mas nós trabalharemos com eles", garantiu.
"Vamos anunciar uma decisão logo", prometeu.
A virada é gritante. As ideias que ele agora propõe - expulsar os imigrantes em situação ilegal e deixar o restante ficar, depois de pagar multa e impostos - parecem se confundir com os diferentes projetos de reforma migratória propostos por republicanos moderados e por democratas durante anos. Até então, eram rejeitadas por Trump e pela direita conservadora.