Área da cidade síria de Idlib destruída por bombardeio: guerra civil já deixou quase 500 mil mortos
Área da cidade síria de Idlib destruída por bombardeio: guerra civil já deixou quase 500 mil mortos | Foto: Omar Haj Kadour/AFP



São Paulo - Grupos rebeldes envolvidos na guerra civil na Síria anunciaram nesta segunda-feira (16) que participarão das tratativas de paz mediadas por Rússia e Turquia, agendadas para 23 de janeiro em Astana, capital do Cazaquistão. O principal objetivo da conferência é discutir a implementação de um cessar-fogo na Síria. Em dezembro, os rebeldes sofreram sua maior derrota até agora na guerra civil ao serem expulsos de Alepo, seu antigo bastião no norte da Síria.

"As facções irão [a Astana] e a primeira coisa que discutirão será a questão do cessar-fogo e as violações cometidas pelo regime", declarou um representante da facção Exército Livre da Síria.
Um representante do grupo Fastaqim afirmou: "A maioria dos grupos decidiu participar. As discussões serão sobre o cessar-fogo - as questões humanitárias -, entrega de ajuda e a libertação de prisioneiros".

Um cessar-fogo foi anunciado em dezembro, mas diversas violações têm sido registradas. Organizações classificadas de terroristas, como o Estado Islâmico (EI), estão excluídos da trégua e das conversas de paz.

Os rebeldes buscam formar uma delegação de enviados para as negociações em Astana que tenha composição distinta da coalizão Comitê de Altas Negociações, apoiada pela Arábia Saudita, que participou das conversas de paz na Suíça no ano passado. Esse esforço de negociação, liderado pelos Estados Unidos, fracassou.

A oposição ao regime sírio é formada por uma miríade de grupos que têm poucos acordos políticos e frequentemente brigam entre si. Após quase seis anos de guerra civil, os rebeldes lidam com a perda de territórios e veem minguar o apoio estrangeiro, temendo ainda retaliações por parte das Forças Armadas caso se rendam.

A participação dos rebeldes nas negociações em Astana é considerada uma vitória diplomática da Rússia, principal aliada do regime sírio. Escanteando Washington, Moscou busca oferecer caminhos de solução para o conflito civil e afirmar-se como potência essencial no Oriente Médio. A guerra civil na Síria já deixou quase 500 mil mortos e transformou 4,8 milhões de pessoas em refugiados.