Protestos contra o presidente Maduro foram reprimidos com violência pela polícia
Protestos contra o presidente Maduro foram reprimidos com violência pela polícia | Foto: Juan Barreto/AFP



Caracas – Com o uso de bombas de gás lacrimogêneo, tropas de choque bloquearam nesta quarta-feira (19) uma gigantesca marcha contra o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, em Caracas. Focos de violência estouraram no país, causando a morte de uma jovem de 23 anos e de um adolescente de 17. Dessa forma, subiu para sete o número de mortos em três semanas de protestos, por meio dos quais a oposição exige eleições gerais para tirar Maduro do poder. O presidente é acusado de mergulhar o país rico em petróleo em uma severa crise econômica e política.

O adolescente morreu no hospital, para onde havia sido levado de urgência logo após ser atingido por disparos. Os tiros teriam sido dados por homens em uma moto, os quais também teriam atacado com bombas de gás lacrimogêneo uma manifestação opositora em San Bernardino, no noroeste de Caracas, relataram testemunhas e uma autoridade médica.

A jovem morreu com um tiro na cabeça durante protestos na cidade fronteiriça de San Cristóbal (oeste), informou a Procuradoria e a ONG de direitos humanos Provea, com base em informações preliminares.

Na capital do país, os enfrentamentos entre as forças de segurança e os manifestantes que respondiam com pedras e coquetéis molotov explodiram em uma autoestrada estratégica e em vários setores do oeste da cidade.

Quando se aproximava, com as mãos para cima, da barreira com que militares bloqueavam a passagem na autoestrada Francisco Fajardo, o líder opositor Henrique Capriles recebeu uma chuva de bombas de gás lacrimogêneo. Vários manifestantes fugiram, jogando-se nas águas poluídas do Rio Guaire.

"É preciso sair desta ditadura. Queremos eleições para que Maduro saia do governo, porque deixou o país destruído. Não tenho medo!", disse à AFP Ingrid Chacón, de 54 anos, que participava da marcha, agitando uma grande bandeira da Venezuela.

Durante um comício no centro de Caracas, o presidente Maduro assegurou que deseja disputar eleições em breve para vencer o que chamou de "batalha" contra seu governo. "Temos que buscar (...) fórmulas para ganhar definitivamente essa batalha em paz, eu quero ganhar essa batalha já. Eu quero que nos preparemos para ter uma batalha eleitoral pronta e total", disse o presidente.

Maduro também anunciou a captura de 30 pessoas com supostos planos para deflagrar atos de violência durante a marcha da oposição em Caracas, onde também se manifestaram milhares de seus partidários. Mais de 200 pessoas foram detidas em marchas anteriores. "Foram capturados mais de 30 encapuzados, violentos, terroristas, identificados plenamente", disse Maduro, em meio a aplausos, em discurso a seus seguidores na Avenida Bolívar, no centro da capital.