No encontro, papa falou em "colaboração serena", inclusive na assistência aos imigrantes
No encontro, papa falou em "colaboração serena", inclusive na assistência aos imigrantes | Foto: Evan Vucci/AFP/Pool



Cidade do Vaticano - O papa Francisco recebeu nesta quarta-feira (24) no Vaticano, pela primeira vez, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, com quem falou sobre "promover a paz no mundo". O encontro aconteceu um dia antes da cúpula da Otan sobre a luta contra o terrorismo.
"Deixo o Vaticano mais decidido do que nunca a perseguir a PAZ em nosso mundo", tuitou Trump, após trocar com Francisco "pontos de vista" sobre "a promoção da paz no mundo através da negociação política e do diálogo inter-religioso", segundo a Santa Sé.
Acompanhado de sua esposa, Melania, vestida de preto e com um véu na cabeça, um sorridente presidente americano apertou a mão do pontífice na biblioteca das suntuosas salas do Vaticano, antes de conversar a sós com ele no gabinete particular do papa. Ao final do encontro, Trump apresentou a delegação que o acompanhava, incluindo sua filha Ivanka, também vestida de preto, mas sem o véu.
A audiência privada entre o papa e Trump durou meia hora e o Vaticano informou que manifestou sua "satisfação" pelo "compromisso comum em prol da vida e da liberdade religiosa e de consciência", e pediu também "uma colaboração serena", inclusive em campos como a assistência aos imigrantes".
A expectativa sobre este encontro era alta, já que os dois líderes têm posições contrárias em temas como migração, mudança climática, venda de armas, pena de morte e islã - "obrigado, obrigado. Não esquecerei o que você me disse", assegurou Trump ao papa.
A condenação ao aborto, a eutanásia e o casamento gay são alguns dos chamados "valores não negociáveis" para a Igreja Católica com os quais Trump concorda com veemência.

DIVERGÊNCIAS
O presidente e o papa defendem modelos econômicos e sociais opostos, com divergências sobre temas como a construção de um muro entre EUA e México contra a migração, a assistência aos pobres, as relações com o mundo islâmico ou a estratégia no Oriente Médio.
Após a visita ao Vaticano, Trump se encaminhou para a capital belga, Bruxelas, onde irá se reunir na manhã desta quinta-feira (25) com os líderes das instituições da União Europeia e, à tarde, com os mandatários da Otan.
Em sua primeira reunião da Aliança, Trump quer pedir a seus sócios um maior gasto militar nacional e que a Otan se junte à coalizão internacional contra os extremistas do Estado Islâmico. "Quando veem o que aconteceu há alguns dias [o atentado em Manchester], se dão conta da importância de vencer esta luta. E vamos vencer esta luta", disse Trump ao premiê belga Charles Michel, após se reunir com os reis belgas, Filipe e Matilde.
Enquanto isso, milhares de pessoas – seis mil, segundo a polícia, e 10 mil, de acordo com os organizadores - se manifestavam nas ruas de Bruxelas contra a visita de Trump e a política da Otan.
Depois de visitar a Arábia Saudita, Israel e o Vaticano, a primeira viagem internacional de Trump continua em Bruxelas, de onde viajará na quinta-feira à noite para a cidade italiana de Taormina para uma cúpula do G7, realizada na sexta-feira e no sábado.