São Paulo - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) classificou nesta terça-feira (16) a invasão da embaixada do México em Quito, no Equador, ocorrida no último dia 5, como "simplesmente inaceitável" e que impacta toda a região.

Em duro discurso na cúpula da Celac (Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos), Lula disse ainda que o Equador deve um pedido formal de desculpas.

"O que aconteceu em Quito, no último dia 5, é simplesmente inaceitável e não afeta só o México. Diz respeito a todos nós. Um pedido formal de desculpas por parte do Equador é um primeiro passo na direção correta", disse Lula.

O discurso não foi transmitido, mas o texto foi divulgado a jornalistas pela assessoria do presidente. "Medida dessa natureza nunca havia ocorrido, nem nos piores momentos de desunião e desentendimento registrados na América Latina e no Caribe. Nem mesmo nos sombrios tempos das ditaduras militares em nosso continente", afirmou, repetindo uma comparação já feita por nota do Itamaraty.

"Portanto, absolutamente nada justifica a cena a que assistimos em Quito. Nosso desafio agora é o de encontrar caminhos para a reconstrução da confiança e do diálogo", completou.

Lula oficializou ainda o posicionamento do Brasil sobre proposta da Bolívia de formar uma comissão com países da Celac para "acompanhar junto ao governo equatoriano, a evolução da situação e da saúde do ex-vice-presidente Jorge Glas".

No último dia 9, na OEA (Organização dos Estados Americanos), a diplomacia brasileira também disse que nem nos tempos mais sombrios do continente houve violação de missões diplomáticas como ocorrido neste episódio.

Já o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, anunciou o fechamento de sedes diplomáticas do País no Equador em sinal de apoio ao México.

O anúncio foi feito durante a reunião virtual da Celac. "Ordenei o fechamento da nossa Embaixada no Equador, o fechamento do consulado em Quito, o fechamento imediato do consulado em Guayaquil e o retorno imediato do pessoal diplomático à Venezuela", disse Nicolás Maduro.

ESCALADA DE TENSÕES

O conflito que escalou para a ruptura de relações diplomáticas começou com um comentário do presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador. Foi quando ele falou sobre a violência política no Equador e a suposta manipulação da mídia nas últimas eleições presidenciais.

Na ocasião, Obrador afirmou que nas eleições passadas, o assassinato do centrista Fernando Villavicencio em agosto fez a intenção de voto da esquerdista Luisa González, que liderava as pesquisas, cair.

O Equador respondeu expulsando a embaixadora Raquel Serur, e o México aumentou a tensão ao conceder asilo ao ex-vice-presidente Jorge Glas (2013-2017), que estava sob uma ordem de prisão por suposto peculato.

Quito acusa o México de intervir em seus "assuntos internos" ao conceder a Glas um asilo "ilícito". Além disso, considerou as declarações de López Obrador "muito infelizes", ao colocar "em dúvida a legitimidade das eleições de 2023", "banalizando o assassinato" de Villavicencio, disse no sábado a chanceler Gabriela Sommerfeld.