Prêmio Nobel da paz em 1991, Aung San Suu Kyi é considerada a líder de fato de Mianmar
Prêmio Nobel da paz em 1991, Aung San Suu Kyi é considerada a líder de fato de Mianmar | Foto: Daniel Sannum Lauten/AFP/16-6-2012



São Paulo - Em meio a fortes críticas da comunidade internacional pela violência sofrida pela minoria étnica rohingya, Aung San Suu Kyi, líder de fato de Mianmar, anunciou nesta quarta-feira (13) que não irá comparecer à Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas). Zaw Htay, porta-voz do gabinete de Suu Kyi, informou que a maior prioridade dela no momento é impedir que a violência se espalhe pelo país.

A atual crise começou no dia 25 de agosto, quando rebeldes rohingyas atacaram cerca de 20 delegacias de polícia no Estado de Rakhine, no oeste do país, onde se concentra a minoria rohingya. Em resposta, o Exército tem conduzido o que chamou de "operações de limpeza", que afirma ter como objetivo deter "terroristas extremistas" e proteger a população civil. Segundo dados oficiais, 400 pessoas já teriam morrido nos confrontos.

Uma multidão jogou pedras em lojas de muçulmanos no último domingo (10) na região central do país. Nenhum outro incidente foi registrado. Zaw Htay informou que o governo teve acesso a informações sobre planejamento de ataques, mas não deu maiores detalhes. Ele afirmou que a segurança seria reforçada nas cidades. Uma vez que o presidente Htin Kyaw está hospitalizado, o vice-presidente Henry Van Tio representará o Mianmar na Assembleia Geral da ONU.

Oficialmente, Suu Kyi ocupa o cargo de "conselheira estatal". Por ter dois filhos que têm nacionalidade britânica, a Constituição proíbe que ela seja presidente. Porém, devido a sua influência política como símbolo do movimento de redemocratização do país - ela recebeu o prêmio Nobel da paz em 1991 - é considerada a líder de fato de Mianmar.

LIMPEZA ÉTNICA
O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, reconheceu que a situação dos rohingya em Mianmar é melhor descrita como uma limpeza étnica. Respondendo a um jornalista, Guterres disse: "quando um terço da população rohingya é obrigada a fugir do país, você acharia uma palavra melhor para descrever a situação?". Ele pediu às autoridades de Mianmar que suspendessem as ações militares e que "reconhecessem o direito de retorno de todos aqueles que tiveram que deixar o país".

Na segunda-feira (11), o alto comissário da ONU para os Direitos Humanos, Zeid Ra'ad Al Hussein, já havia dito que o tratamento de Mianmar à minoria muçulmana rohingya se assemelha a um "exemplo clássico de limpeza étnica".