Harare - O presidente Robert Mugabe rejeitou categoricamente nesta quinta-feira (16) renunciar ao poder que exerce há 37 anos no Zimbábue, após discussões com os generais que assumiram o controle da capital, Harare. Colocado em prisão domiciliar na madrugada de quarta-feira, o chefe de Estado, de 93 anos, encontrou pela primeira vez esta tarde o chefe do Exército na sede da presidência em Harare, indicou à AFP uma fonte próxima dos militares.

"Reuniram-se hoje. Ele se recusou a renunciar. Acredito que está tentando ganhar tempo", declarou a fonte, que pediu para não ser identificada. Imagens do encontro mostraram o presidente vestido de azul marinho e calça cinza ao lado do chefe do Estado-Maior, o general Constantino Chiwenga. Dois ministros sul-africanos enviados pelo presidente Jacob Zuma também participaram da reunião, segundo um porta-voz do ministério das Relações Exteriores, que não forneceu qualquer detalhe sobre o que foi discutido.

A intervenção dos militares, que tomaram o controle dos pontos estratégicos da capital, pode pôr fim ao último regime africano liderado por um "pai da libertação", a geração de chefes surgido durante as lutas pela independência. Os generais mentores do golpe negam ter a intenção de derrubar o governo. "Não se trata de uma tomada do governo pelos militares. Nosso objetivo são os criminosos ao redor do presidente", declarou o general Sibusiso Moyo, porta-voz dos militares.

Os "criminosos" seriam partidários da primeira-dama, Grace Mugabe, segunda esposa do "camarada Bob", que não esconde a vontade de suceder o marido. Até então contida, a oposição começou a sair do silêncio nesta quinta-feira para exigir a saída do chefe de Estado e uma transição por meio de eleições livres.