O primeiro fator a se considerar é se o aparelho ainda está na garantia: se não estiver, orientação é avaliar o custo do reparo
O primeiro fator a se considerar é se o aparelho ainda está na garantia: se não estiver, orientação é avaliar o custo do reparo | Foto: Fotos: Gina Mardones



O que vale mais a pena? Trocar ou consertar o smartphone ou tablet? Este é o dilema da vida moderna pelo qual muitos já devem ter passado por causa de uma tela quebrada ou de qualquer outro problema no dispositivo. O reparador de telefonia Fabiano Oliveira já deu dois tablets para seu filho jogar seus games favoritos. Mas um problema se tornou recorrente: a tela apaga e o aparelho deixa de ligar. Da primeira vez, o preço do conserto chegou a quase 50% do valor do produto. Como o problema voltou a acontecer, Oliveira resolveu comprar um notebook para o filho. "Mandei consertar duas vezes e não resolvia, resolvi trocar."

Em 90% dos casos, o conserto é uma solução mais em conta, opina Felipe Marchese, CEO de uma rede de franquias de assistência técnica de smartphones e tablets, a Conserta Smart. "Em 90% dos casos o conserto sempre vale a pena, pois não vai atingir 40% do valor do aparelho. Em alguns casos raros o conserto acaba ultrapassando 60% do equipamento, o que acaba sendo não tão vantajoso." No caso de tela quebrada, o ticket médio para o conserto é de R$ 250, afirma Marchese. Para trocas de bateria, softwares, conectores de carga e desoxidação, o ticket médio é de R$ 120. "Claro que vai depender muito do aparelho, podendo haver grandes variações", observa.

Para Paulo Guedes, especialista de produtos do site comparador de preços Zoom, a decisão de consertar ou trocar o smartphone ou tablet vai depender da situação em que o consumidor se encontra. Principalmente em um momento de crise. "Estamos em um momento super difícil para falar de orçamento, com desemprego, taxas altas e dinheiro mais curto. Está cada vez mais comum ver pessoas andando com o celular com a tela rachada."

Imagem ilustrativa da imagem Trocar ou consertar o smartphone?



Garantia
O primeiro fator a se considerar é se o aparelho ainda está na garantia. "Se estiver, corra e aproveite a garantia, se o aparelho ainda atende às suas necessidades", diz Paulo. Se o produto não estiver mais na garantia, deve-se avaliar o custo do reparo. "A tela é uma das coisas que mais influenciam no valor total do telefone, então o preço cobrado vai ser bem relevante." Se o preço do conserto for muito alto, chegando a mais da metade do valor do aparelho, talvez valha a pena adquirir um novo.

Ao mesmo tempo, é importante analisar se o produto ainda atende às necessidades do consumidor. "Com o passar do tempo o aparelho não atende mais às suas necessidades, aí não vale a pena insistir, porque você vai fazer o reparo e vai continuar insatisfeito." Mas se a situação financeira estiver difícil, trocar o smartphone ou tablet por um produto inferior pode não ser um bom negócio, avisa Guedes. "O consumidor vai dar um passo para trás. Talvez valha a pena segurar mais um pouco e investir em um aparelho que não desça na escala de desempenho."

O técnico de telefonia Fabiano Oliveira reparou duas vezes os tablets que comprou para o filho: nova falha o levou a comprar um notebook
O técnico de telefonia Fabiano Oliveira reparou duas vezes os tablets que comprou para o filho: nova falha o levou a comprar um notebook



Destinação
Caso resolva trocar o aparelho, uma recomendação é consertar o antigo para usá-lo como forma de pagamento de um novo, diz o CEO da Conserta Smart. "Hoje, algumas lojas já aceitam seu smartphone usado como forma de pagamento no novo, porém ele tem de estar funcionando." Do contrário, é preciso descartar os smartphones ou tablets da forma correta. Em Londrina, a ONG E-Lixo coleta eletroeletrônicos e dá a destinação certa a esse material. O consumidor interessado pode levar o seu smartphone ou tablet à sede da ONG, que fica na Rua Ermelindo Leão, 385, e fazer o descarte sem custo algum.

Vida longa
Alex Gonçalves, diretor da entidade, conta que recebe cerca de 350kg de celular ao mês, quantidade que vem crescendo. "Hoje o descarte é muito grande." Para ele, com a facilidade de aquisição de novos aparelhos pelas operadoras ou por financiamento, os consumidores estão preferindo trocar o smartphone ou tablet por outro com melhores especificações. "Para consertar paga R$ 300 e tem equipamentos que custam R$ 480, e que podem ser divididos em dez vezes. É um convite para trocar por um aparelho mais moderno, com bateria mais durável, câmera melhor." O correto, no entanto, é prolongar a vida útil do equipamento o máximo possível, diz Gonçalves. Dessa forma, evita-se o descarte excessivo de eletroeletrônicos, que são prejudiciais ao meio ambiente, e a extração de recursos naturais para a produção de novos.

Mau uso leva a problemas com dispositivos
Todos os dias, a rede de assistência técnica de smartphones e tablets de Felipe Marchese recebe cerca de 800 pedidos de serviços nas suas 205 unidades. As três principais demandas de serviço em suas franquias neste ano foram troca de tela (30%), problemas ao ligar (13,4%) e problemas de software (6,8%). Para ele, 70% dos casos de conserto estão relacionados ao mau uso, como deixar o aparelho cair no chão ou entrar em contato com líquidos. Outros 30% têm relação com o tempo de uso ou defeitos de fabricação.

Os problemas na inicialização do smartphone ou tablet geralmente estão ligados à bateria ou ao conector de carga, diz o CEO da Conserta Smart. "Todas as baterias possuem um ciclo máximo de carga que geralmente é atingido com dois anos. Já o conector de carga pode ser quebrado ao tentar conectar cabos USB de forma invertida." Instalação de aplicativos em excesso, vírus ou falhas na atualização do sistema podem ainda ocasionar problemas com o software, como travamentos ou lentidão.

Dicas
Para evitar ter de mandar o aparelho para o conserto ou comprar outro, em primeiro lugar, é preciso tomar certos cuidados, orienta Marchese. "Com relação à tela, o ideal é o usuário tomar cuidado para não deixar cair, além de não largar o aparelho em pontas de mesa, cama etc", lembra o CEO. Outra recomendação é sempre se certificar de que está colocando o conector de carga na posição correta, sem forçá-lo. Para evitar problemas com o software, ele orienta ainda não deixar o aparelho chegar ao limite de armazenamento, para evitar travamentos; descarregar fotos em outros dispositivos; não baixar aplicativos suspeitos; e evitar atualizar o sistema com a bateria em nível baixo.(M.F.C.)

Serviço:
ONG E-Lixo
Rua Ermelindo Leão, 385
Telefone: 3339-0475