Entre os participantes do Red Queens, clube de pôquer criado em Londrina, há jogadores profissionais: jogos on-line rendem maiores premiações
Entre os participantes do Red Queens, clube de pôquer criado em Londrina, há jogadores profissionais: jogos on-line rendem maiores premiações | Foto: Ricardo Chicarelli



Jogadores famosos como Neymar e a transmissão de eventos do pôquer mundial pela televisão contribuem para tornar o pôquer mais conhecido no País. E, em paralelo, cresce também o número de jogadores brasileiros do pôquer on-line. Segundo a Confederação Brasileira de Texas Hold’em (uma das modalidades mais difundidas do pôquer) – CBTH, existem hoje no Brasil mais de 6 milhões de jogadores da modalidade.
Nos últimos cinco anos o número de participantes nas edições do Campeonato Brasileiro de Pôquer aumenta cerca de 30% anualmente, chegando a 16 mil pessoas na última etapa, afirma o diretor da CBTH, Alberoni Lino de Castro. E o número de jogadores on-line acompanha esse crescimento. O número de jogadores também se eleva na região. "Tanto on-line quanto live, a cada dia que passa aumenta o numero de associados tanto recreativos quanto profissionais", diz Alex Ueda, mais conhecido como Tadashi, presidente do clube Red Queens, de Londrina.
Mas diferente do pôquer live (ao vivo), o pôquer on-line é mais lucrativo e atrativo para quem quer jogar profissionalmente por oferecer uma quantidade e variedade de torneios bem maior que presencialmente, dizem jogadores. Entre os associados do Red Queens, está Victor Onizuka, que se considera um jogador de pôquer profissional e aposta mais em torneios on-line do que live. Ele dedica quatro a cinco dias da semana para participar de cerca de 50 torneios mundiais diários pela internet. Em apenas um torneio, ele conta que já conquistou uma premiação de R$ 200 mil.



"O pessoal que está no pôquer on-line tem um objetivo mais diferenciado. Tem o pessoal que joga com objetivo recreativo, mas em quantidade bem inferior. O pôquer on-line é bem mais competitivo e a quantidade de torneios é imensamente superior. Se você caiu em um torneio, logo se inscreve em outro", explica Demétrio Junior, professor de Física que dedica parte de seu tempo ao jogo. "No live, outro torneio talvez nem aconteça no mesmo dia, e para você viver só disso não é lucrativo. Você investe muito dinheiro e tempo para talvez ganhar pouco dinheiro. No on-line o software é 24 horas", completa Ronaldo Sandi, empresário associado ao clube. Ueda pontua ainda que o volume em espécie no pôquer on-line pode chegar a seis vezes mais. "O on-line, além de recreativo, é promissor."

Premiações
Onizuka conta que, por dia, é possível encontrar disponíveis na internet até 100 torneios para competir e cada um com valores de inscrição e premiação diferentes. Há torneios com preços de inscrição que variam de US$ 0,50 a US$ 100 mil. Proporcionalmente, variam os valores das premiações. Há competições em que a premiação garantida chega a R$ 2 milhões. Já nos torneios ao vivo, o jogador fica restrito a poucas competições que podem ou não ter premiações atrativas. "Sempre procuro dar prioridade ao on-line e ao vivo procuro jogar só os melhores torneios."
Rogério Leite, outro jogador do clube, observa que, muitas vezes, o mesmo valor de inscrição do pôquer ao vivo pode render premiações maiores na internet devido à quantidade maior de participantes, já que as competições são internacionais. "No on-line dá muito mais pessoas, e com o mesmo investimento em dinheiro a premiação é muito maior."
Outra vantagem do pôquer on-line está na redução de custos. Para participar de torneios ao vivo, muitas vezes os jogadores precisam viajar para outros estados e até países, e entram na conta da competição custos como passagens, hospedagem e alimentação. A desvantagem está em não poder ver e "ler" o oponente pessoalmente. Mas, de acordo com Onizuka, há outras maneiras de tentar descobrir as pretensões do adversário no tempo que ele demora para tomar decisões e no valor de suas apostas.

Time profissional
Para competir profissionalmente, Onizuka faz parte de um time canadense que custeia os valores das inscrições dos torneios e fica com uma porcentagem da premiação de acordo com um contrato. O desempenho do jogador depende também de estudo e preparação. "Minha principal renda vem do pôquer, então me dedico mais que um cara que vai para brincar. Dedico horas do meu dia estudando o jogo e tive professores muito bons. Por trás do pôquer tem toda uma matemática. Fora isso, você amadurece conforme vai jogando para poder lidar com a parte psicológica e com a parte física para ficar várias horas em frente ao computador. Um torneio que pode demorar de 2 a 15 horas. Tem torneio que dura 8 dias, 12 horas por dia."