Duas tecnologias estão presentes nas linhas premium da LG para diminuir as distorções do campo de visão do telespectador: a IPS e a nanocell display
Duas tecnologias estão presentes nas linhas premium da LG para diminuir as distorções do campo de visão do telespectador: a IPS e a nanocell display | Foto: Divulgação



São Paulo - Assistir à TV com mais pessoas na sala pode não ser uma experiência muito agradável, pois quem fica mais ao canto da tela pode não ver a imagem com muita fidelidade. Pesquisa encomendada pela LG à Ipsos mostrou que, a depender do ângulo de visão, os telespectadores notam mudanças na imagem: 70% relataram diferença nas cores; 70% apontaram distorções no conteúdo da TV (formas); e 65% descreveram mudanças no brilho e no contraste da imagem.

Para amenizar esse problema, fabricantes de TVs estão trabalhando com tecnologias para aumentar a fidelidade de imagem independentemente do ângulo que o consumidor tem do televisor. Essa é uma característica que recebeu grande destaque da LG no lançamento de suas novas linhas de televisores Ultra HD e Super Ultra HD, neste mês. "A experiência passa, sim, por onde a gente vai e se posicionar ao assistir TV. Mas isso não existe mais", declarou Bárbara Toscano, head de Marketing da LG.

"Ninguém assiste TV exatamente do centro da tela", comentou ainda Igor Krauniski, gerente de Produtos da LG. Segundo ele, duas tecnologias presentes nas duas linhas premium da marca – Ultra HD e Super Ultra HD – são responsáveis por diminuir o problema de distorções a depender da posição do telespectador na sala: a IPS e a nanocell display. "A IPS entrega o máximo de qualidade de imagem mesmo em angulações extremas, de 60º", observou Krauniski. A nanocell display, por outro lado, ajuda a preservar a fidelidade de cores. Em televisores comuns, ele disse, há perdas de 58% de reprodução de cores dependendo do ângulo de visão.

"A IPS 4K, que é uma tecnologia proprietária da LG, é basicamente o alinhamento dos cristais líquidos do LCD de uma maneira diferente", explicou Krauniski. "A segunda tecnologia, que é a nanocell display, são nanopartículas que já foram usadas no passado e foram chamadas de pontos quânticos. Essas nanopartículas, que eram utilizadas na LG como filme, foram integradas diretamente no painel em tamanho muito reduzido. Estamos falando de 1 nanômetro, ou seja, 1x10 elevado a -9. Esses nanocristais fazem com que os excedentes de luz, que chamamos vulgarmente de 'cores impuras', sejam excluídos dessa imagem para que sejam reproduzidas as cores primárias RGB com perfeição, precisão e fidelidade, independentemente do ângulo de visão", ele continuou. "Resumindo: o IPS 4K dá o ângulo de visão por conta do alinhamento dos cristais líquidos e o nanocell traz a pureza das cores para os televisores."

Formato
Para a Sony, a melhor forma hoje de resolver o problema do ângulo de visão está no formato da tela. "Todo o seu line-up está baseado em telas planas, que hoje apresentam uma grande vantagem em relação ao formato curvo", comentou Marcelo Gonçalves, gerente de Marketing e Comunicação da Sony Brasil, por meio da assessoria de imprensa. "Buscando trazer a melhor solução para cada tipo de consumidor, hoje trabalhamos com várias tecnologias de painel, entre elas a tecnologia IPS, que está presente em alguns modelos de 4K." A FOLHA tentou contato com outra fabricante para falar do assunto, mas não teve retorno até o fechamento da edição.
A repórter viajou a São Paulo a convite da LG.

O gerente de Produtos da LG, Igor Krauniski: "Ninguém assiste TV exatamente do centro da tela"
O gerente de Produtos da LG, Igor Krauniski: "Ninguém assiste TV exatamente do centro da tela"



Distorções são causadas por dispersão da luz
Coordenador do CITI (Centro Interdisciplinar de Tecnologias Interativas) da USP (Universidade de São Paulo) e membro do IEEE (Instituto dos Engenheiros Eletricistas e Eletrônicos), Marcelo Zuffo, explica que a perda de fidelidade de imagem de acordo com o ângulo de visão tem relação com a estrutura das telas finas, que se assemelha a um sanduíche. "Toda tela fina é um sanduíche, e quanto maior a quantidade de camadas, pior a visão da lateral. Uma TV LCD tem, no mínimo, sete camadas. A luz que sai do fundo passa por todas as camadas e vai refletindo em cada uma delas."

A tecnologia que melhor resolve o problema da imagem na visão lateral, na opinião de Zuffo, são as telas OLED. "A OLED é melhor na visão lateral porque tem poucas camadas. O substrato entre o elemento inicial de imagem e o mundo é menor." Além disso, a OLED tem uma gama de cores perceptíveis ao olho humano bem maior que os demais televisores. "Na OLED cada ponto é uma cor, não tem mais backlight (luz de fundo)."

Custo-benefício
Eduardo Terra, presidente da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC), avalia que, caso não sejam muito bem esclarecidas com o consumidor, tecnologias de telas para aprimorar a qualidade da imagem têm potencial para atrair mais um nicho de mercado do que o mercado. Principalmente ao se considerar que, para tê-las, as pessoas terão que pagar a mais por isso. "Tem mercado desde que seja um mercado de nicho. A relação entre preço e benefício tem que ser muito direta", critica. "Não vejo essas tecnologias como protagonistas. É muito mais para uma exceção do que para uma regra. Não se fala mais de famílias grandes, fala-se muito mais de uma TV para cada pessoa do que para uma família grande. São tipos de benefícios que, na prática, as pessoas vão perceber muito pouco."(M.F.C.)