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| Foto: Anderson Coelho
Prisma permite, com apenas um toque, que o usuário converta suas fotos em obras de arte



Um aplicativo que transforma fotos em "obras de arte" se tornou ainda mais popular semana passada. O app russo Prisma estava disponível apenas para dispositivos da Apple, deixando muitos fãs de fotografia na expectativa para a sua chegada ao Android. No último dia 24, quando chegou também para Google Play (loja de aplicativos para Android), a ferramenta ficou entre os apps gratuitos mais baixados em ambas as plataformas: até ontem, estava em quarto lugar no top 100 dos apps grátis da Apple, e em 15º lugar entre os top gratuitos do Google Play.
Com apenas um toque, o usuário pode converter suas fotos em obras de arte com pinceladas a la Van Gogh, Mondrian, Roy Lichtenstein, entre outros filtros artísticos. Na página oficial do app, a companhia que desenvolveu o Prisma, o Prisma Labs, destaca o uso de Redes Neurais e de Inteligência Artificial (IA) para fazer da tela do smartphone uma tela de pintura, porém, sem dar muito mais explicações sobre isso.
Em entrevista à FOLHA por e-mail, o CEO e co-fundador do Prisma, Aleksey Moiseyenkov, afirmou que, diferente dos filtros do Instagram, o seu aplicativo "repinta completamente uma foto a partir de um esboço". Segundo Moiseyenkov, o Prisma possui "algo como árvores de redes neurais" no servidor, e cada uma desempenha diferentes tarefas. "É baseado em algo como extrair o estilo de uma obra de arte e aplicar isso à foto. E alguns truques para acelerar o processo."
Mesmo respondendo ao nosso e-mail, o CEO do app não quis, claro, revelar muito de seus truques. Mas ajudou a provar que a Inteligência Artificial está mais próxima das pessoas do que se imagina, e não só através de aplicativos revolucionários como o Prisma. Já está presente no dia a dia, por exemplo, na identificação de placas de veículos através de imagens de câmeras do trânsito, no reconhecimento de voz, ou mesmo no simples ato de tirar uma fotografia no modo automático.
O professor do Departamento de Computação (DC) da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), Orides Morandin Junior, explica que, a rigor, a Inteligência Artificial "tenta fazer uma matemática computacional que simule o raciocínio humano". "Não é exatamente igual mas disfarça bem", brinca.
No caso das máquinas fotográficas, técnicas de IA ajudam pessoas a tirarem uma boa fotografia mesmo que não sejam fotógrafos profissionais. A máquina fotográfica simula o comportamento de um fotógrafo ao ajustar detalhes como zoom, abertura da lente e tempo de exposição de maneira automática através de um software que atua eletrônica e mecanicamente.
Indo mais além, a Inteligência Artificial é capaz de seguir a linha de raciocínio de mais um fotógrafo para chegar a um denominador comum a partir de percepções diferentes do que seria uma boa fotografia. Trata-se de uma área da IA chamada de aprendizado automático, explica Morandin Junior. "Consegue-se fazer um software que analisa a imagem e vai aprendendo a regra para que ela fique adequada." O professor acrescenta que também podem ser lançados "falsos positivos" para ajudar o software a descobrir a melhor maneira de fazer uma boa fotografia. "Faz alguns falsos positivos para o software errar e ir aprendendo. É como se ele ficasse testando matemáticas no meio do caminho até achar alguma que acerta mais."