Nova geração de telefonia celular vai oferecer 1.000 vezes mais volume de dados
Nova geração de telefonia celular vai oferecer 1.000 vezes mais volume de dados | Foto: Shutterstock



Espera-se que até 2019 todos os padrões da próxima geração da rede de banda larga móvel – o 5G – já estejam definidos para que, em 2020, enfim, a tecnologia entre em operação. Essa é a afirmação do diretor da Associação Brasileira de Telecomunicações (Telebrasil), Sérgio Kern. A Telebrasil é uma das entidades que fazem parte de um projeto formado em fevereiro desse ano para fomentar a construção do ecossistema de quinta geração da telefonia móvel no País.

Em testes realizados durante o Mobile World Congress, que terminou na semana passada, em Barcelona, a Ericsson – empresa sueca de tecnologia e serviços de comunicação - conseguiu velocidades até 100 vezes maiores que no 4G, alcançando os 25 Gbps. Isso mostra o potencial da geração de internet móvel que está por vir.

"Mas velocidade não é tudo", lembra Leandro Baghdadi, diretor de Comunicação Corporativa da Ericsson. "A latência é um dos critérios principais do 5G." Baghdadi explica que a latência – o "tempo de resposta" – do 5G, que chega a ser cinco vezes menor que a do 4G, será essencial para tecnologias como veículos autônomos e cirurgias realizadas de maneira remota. "É preciso ter um tempo de resposta de milissegundos para que não aconteçam acidentes."

O potencial de aplicação do 5G está na Internet das Coisas (Internet of Things – IoT) e nas cidades inteligentes, já que o 5G comporta de 10 a 100 vezes mais dispositivos conectados e 1.000 vezes mais volume de dados. "O que se percebe é que o 5G vai possibilitar a massificação do uso de sensores. Tem inúmeras aplicações que usam a internet que podem ser agregadas à vida do cidadão", comenta Kern, da Telebrasil.

E para o consumidor final, será como se ele estivesse usando a telefonia fixa para fazer download de filmes, tamanha a segurança e a confiabilidade da conexão. "A capacidade de transmissão é em nível de telefonia fixa. Dá mais segurança e confiabilidade para baixar filmes."

Experiências com o 5G estão acontecendo em todo o mundo, inclusive no Brasil. Porém, ainda não há definições sobre os padrões da tecnologia a serem utilizadas, nem mesmo em outros países. "Ainda não temos nada definido totalmente, mas temos a indicação de como vai caminhar isso tudo", diz o diretor da Telebrasil. Para ele, o 5G deverá operar em faixas de frequência mais altas, o que demandará a instalação de mais antenas para aumentar o alcance do sinal. "Como vai haver uma quantidade de frequências significativamente maiores, (o 5G) vai ter que operar em frequências mais altas, e o alcance dessas frequências é menor." A tecnologia deverá se sobrepor ao 4G, de modo que a infraestrutura da rede de quarta geração será usada apenas parcialmente, afirma ainda o diretor da Telebrasil.

Imagem ilustrativa da imagem 5G deverá chegar em 2020 com velocidade 100 vezes maior



CONTRIBUIÇÃO INTERNACIONAL
O Projeto 5G Brasil vem para contribuir para essas discussões. Ele é formado por representantes da indústria e das prestadoras de serviços de telecomunicações, do governo federal, da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), da academia e de centros de desenvolvimento tecnológico. Com o projeto, o País fica credenciado para participar de discussões internacionais a respeito das definições para a implantação do 5G no mundo, informou a Telebrasil. "O projeto visa fomentar cooperações nacionais e internacionais, compartilhar informações com toda a sociedade e o desenvolvimento de pesquisa básica e aplicada, fazendo o meio de campo para criar um ambiente da tecnologia no Brasil", explicou Kern.

No MWC, o Projeto 5G Brasil assinou um Memorando de Entendimento para o desenvolvimento da quinta geração de serviços móveis em conjunto com entidades europeias. Entre os objetivos estão a troca de informações e programas de trabalho, a cooperação entre indústrias e organismos europeus e brasileiros, a participação em fóruns de discussão para a padronização do 5G, o desenvolvimento de protótipos e a elaboração de futuras normas globais sobre o tema. "Estamos no estado da arte, acompanhando o que acontece em nível mundial", finaliza o diretor da Telebrasil.

Potencial de R$ 1,23 trilhão
Dos 196 milhões de acessos em banda larga móvel no Brasil, 60 milhões são de 4G. Para Eduardo Tude, presidente da Teleco, consultoria em telecomunicações, o número mostra como a adesão à internet móvel de quarta geração está acelerada e caminha para a necessidade de uma nova geração da tecnologia. "Se olharmos para a tendência, para o que aconteceu em janeiro, o 4G cresceu 4,7 milhões, e o 3G perdeu 4 milhões. O crescimento é muito forte." Porém, o foco do 5G vai além da comunicação entre pessoas. "O 5G vem principalmente para viabilizar outro tipo de aplicação, que não a comunicação pessoal – as smart cities (cidades inteligentes) e a IoT (Internet of Things ou Internet das Coisas)."

O potencial do 5G é alto. Até 2022, a previsão é que haverá 500 milhões de assinaturas da internet móvel de quinta geração, sendo que 25% estará na América Latina. "Não dá para ficar parado esperando a tecnologia atual ganhar maturidade", comenta Leandro Baghdadi, da Ericsson. Em 2026, a companhia prevê ainda que a tecnologia deverá movimentar US$ 1,23 trilhão, gerando uma grande oportunidade para as empresas que formam o seu ecossistema em mercados até então pouco explorados. "O 5G vai ser muito usado para indústrias, transporte, medicina, agricultura", completa Baghdadi.(M.F.C.)