O ano de 2016 não foi fácil para o mercado da construção civil. Assim como diversos setores da economia, o segmento sentiu os efeitos da crise. Demitiu muitos funcionários, "freou" os lançamentos, enfrentou pedidos de distratos e teve de fazer ajustes para atravessar o momento ruim. Apesar disso, a movimentação gerada pela entrega de obras na cidade foi grande. A construção de empreendimentos já previstos não foi interrompida e os prazos, de maneira geral, foram cumpridos. Passada a turbulência, as construtoras da cidade começam 2017 com perspectivas bastante otimistas.

O diretor do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Norte do Paraná (Sinduscon Norte/PR), Olavo Batista Junior, destaca que, apesar de o setor começar o ano com um saldo negativo de empregos e ter sido o responsável por 25% das demissões em Londrina durante todo o ano passado, já é possível perceber sinais de recuperação. "A taxa Selic, que regula os juros no Brasil, está numa constante queda. Uma menor taxa de juros representa um aumento do ânimo das pessoas, que voltam a se arriscar em investimentos no longo prazo", afirma.

Outros pontos positivos são a inflação, que deve ficar muito próxima da meta em 2017, e o PIB, que tem perspectiva de crescimento neste ano. "Um fator que ainda nos preocupa bastante na construção civil, que é um segmento muito vinculado à mão de obra, é a taxa de desemprego. Para o mercado absorver todos os operários vai levar um tempo", avalia. Em todo o Brasil, 13% dos trabalhadores que perderam o emprego no ano passado atuavam em canteiros de obras.

Tais demissões ocorreram porque os empreendimentos previstos para 2016 foram entregues e não houve lançamentos na mesma proporção para absorver os funcionários. Londrina, segundo Batista, teve apenas dois lançamentos em todo o ano passado. "Para absorver toda a mão de obra que foi dispensada vamos levar de um a dois anos", calcula. O alto volume de distratos entre 2015 e 2016 também gerou um descompasso no setor. "Atrapalhou o ritmo de obra e o fluxo de caixa das empresas", aponta.

Mas a expectativa de negócios no setor imobiliário para este ano é boa. O diretor do Sinduscon destaca que, considerando que o ciclo da construção civil é longo – começa com a compra do terreno, lançamento, marketing, venda, construção e entrega -, o momento atual é favorável para lançamentos e compras na planta, já que estes imóveis só deverão ser entregues dentro de três anos, e as taxas de juros, até lá, estarão mais baixas.

Queda na taxa Selic e, consequentemente, nos juros dá novo ânimo ao mercado encorajando as pessoas a investimentos de longo prazo, como os imóveis
Queda na taxa Selic e, consequentemente, nos juros dá novo ânimo ao mercado encorajando as pessoas a investimentos de longo prazo, como os imóveis | Foto: Gustavo Carneiro



ESTOQUE
O diretor do Sinduscon não arrisca falar em números de unidades disponíveis para a venda hoje em Londrina, mas afirma que a demanda e oferta de imóveis é bastante equilibrada na cidade. Segundo ele, se nada fosse lançado em 2017, o estoque atual se esgotaria em até 15 meses. Ele afirma que o momento ainda é do comprador e as construtoras, sem fazer "alardes", têm oferecido bons descontos e condições de pagamento nas negociações com os clientes. Os preços se mantiveram estáveis nos últimos dois anos, corrigidos apenas pelo Índice Nacional de Custo da Construção (INCC).