Em Londrina, como a economia é movimentada principalmente por serviços e agronegócio, o impacto causado pela recessão foi diferente de municípios que concentram muitas indústrias
Em Londrina, como a economia é movimentada principalmente por serviços e agronegócio, o impacto causado pela recessão foi diferente de municípios que concentram muitas indústrias | Foto: Ricardo Chicarelli/07-03-2016



Planejamento e uma boa gestão financeira são requisitos fundamentais para qualquer empresa atravessar uma crise com certa tranquilidade. Se o ambiente econômico do país não pode ser controlado, o empreendedor tem o dever de fazer a lição de casa e antecipar cenários para que o negócio não seja gravemente afetado nos momentos de instabilidade e incerteza. Traçar estratégias de longo prazo é ainda mais importante em setores como o da construção civil, em que o ciclo entre a aquisição de um terreno e a entrega das chaves de um empreendimento pode levar, em média, dez anos.

Essas questões foram discutidas pelo vice-presidente de incorporação imobiliária do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Norte do Paraná (Sinduscon Norte-PR), Olavo Batista Junior, na palestra "Novos Mercados, Estratégias e Competitividade para o setor da Construção Civil", proferida na quinta-feira (11), durante o Fórum EletroMetalCon 2017. O evento foi organizado pelo Sindimetal Londrina e Sinduscon Norte do Paraná, com o apoio do Senai e Sesi, nos dias 9 a 11 de maio em Londrina. Durante a apresentação, Batista traçou um panorama geral da crise econômica brasileira e lembrou que, felizmente, o pior momento já passou. Segundo ele, a queda da Selic – taxa básica de juros - e da inflação são dois sinais importantes de recuperação econômica.

Na avaliação de Batista, a crise tem um caráter de ajuste de contas. Quem guardou recursos e soube analisar o mercado, passou pela "turbulência" com menos dificuldades. Por isso a importância do planejamento e controle financeiro. "No setor imobiliário, se você lançar algo num momento bom e entregar num momento ruim, por exemplo, pode se deparar com clientes desempregados ou sem crédito, o que gera uma instabilidade no ciclo", argumentou. Para o vice-presidente do Sinduscon, é fundamental que os empresários do setor tracem cenários de longo prazo para evitar esse tipo de surpresa.

Outro ponto importante a ser levado em consideração é que a crise possui um epicentro regionalizado. Algumas cidades sentiram mais fortemente os efeitos ruins que ela causou – principalmente o desemprego – do que outras. Em Londrina, onde a economia é movimentada principalmente por serviços e agronegócio, o impacto causado pela recessão foi diferente de municípios que concentram muitas indústrias, por exemplo.

O mesmo ocorreu no setor da construção civil local. "Londrina possui uma capacidade de absorção do mercado imobiliário diferente de outros centros, porque os grandes players - as construtoras com mais de 40 anos de atuação - nasceram aqui e conhecem muito bem a dinâmica do município. Estas empresas acabam sendo o termômetro do mercado e conseguem controlar a oferta de acordo com a demanda, mantendo os preços estáveis", analisou.

Diante de momentos de crise, as principais estratégias para superar as dificuldades e crescer passam pela saúde financeira, eficiência e simplicidade nos processos, e respeito à capacidade construtiva. É bom lembrar que momentos turbulentos também podem revelar boas oportunidades. Empresas que fizeram a lição de casa podem aproveitar a instabilidade para apostar em novos nichos de mercado.

DEMANDA É ALTA
Além de um cenário econômico mais otimista, Olavo Batista Junior destacou, em sua apresentação, que o setor da construção tem muito espaço para crescer no Brasil. Hoje, ele representa, em média, 7% do Produto Interno Bruto (PIB), enquanto em países de primeiro mundo esse número pode chegar a 30%. A demanda por imóveis é alta. "Temos um deficit de casa própria na ordem de 5 milhões de moradias e esse deficit cresce em 500 mil unidades anualmente", apontou. Outra grande lacuna a ser preenchida pelas empresas do segmento é na infraestrutura.