Trocar lâmpadas antigas para o modelo LED pode ser o primeiro passo para reduzir as despesas
Trocar lâmpadas antigas para o modelo LED pode ser o primeiro passo para reduzir as despesas | Foto: Shutterstock



Em tempos de crise econômica, qualquer corte de gastos é bem-vindo. Com o desemprego em alta ficou muito mais complicado quitar em dia todas as despesas do mês. E a missão principal dos síndicos neste ano foi trabalhar para reduzir ao máximo os custos fixos do prédio, deixar a taxa condominial mais barata e trazer um alívio aos moradores.

O advogado especialista em direito condominial e diretor da Vox Administradora de Condomínios, Edemir Alves dos Santos Filho, afirma que, de maneira geral, as maiores despesas de um condomínio são a folha de pagamento dos funcionários e a conta de água. "A Sanepar cobra uma taxa mínima de 10m³ de água por apartamento, independente se foi utilizada ou não. Num condomínio com 304 unidades, a conta passa de 18 mil mensais", exemplifica.

Mas como reduzir esses custos? O advogado explica que, com relação à folha de pagamento, a medida mais eficiente é a reorganização do quadro funcional, especialmente no que diz respeito à jornada de trabalho. Ele cita como exemplo um condomínio em Londrina que tinha três porteiros e no fim do mês gastava cerca de R$ 3 mil com horas extras. Naquele caso, a solução mais inteligente foi contratar um quarto porteiro. "Eliminando as horas extras dos outros três, conseguimos uma redução de gastos com pessoal de R$ 40 mil por ano", conta.

Por isso, nem sempre a demissão é a melhor medida de economia. Cada caso precisa ser avaliado individualmente. Claro que esta alternativa é a que mais comumente tem sido adotada pelos síndicos. Muitos têm optado pela contratação de portarias virtuais. Foi o que fez o síndico do Condomínio San Michel, Francisco Carlos Vieira. Ele conta que a expectativa é de redução de até 65% nas despesas com pessoal nos próximos meses.

Isso porque o síndico decidiu dispensar quatro dos cinco funcionários. "Ficamos com uma pessoa que, de manhã, trabalhará na portaria, e à tarde, na limpeza, em horário comercial, sem necessidade de fazer horas extras", explica.

Mas as medidas de economia começaram bem antes da redução do quadro funcional. Vieira conta que trocou todas as lâmpadas antigas do prédio para o modelo LED e instalou sensores de presença na garagem, portaria e hall de entrada. "Conseguimos diminuir a conta de luz em cerca de 10%", aponta. Em apenas três meses, a taxa condominial baixou de R$ 570 para R$ 310 mensais.

O síndico profissional e diretor de condomínios do Sindicato da Habitação e Condomínios (Secovi-PR) em Londrina, Arthur Harbs, também comprovou a eficiência da troca de lâmpadas para a redução da conta de energia. Só para citar um exemplo, após ter instalado lâmpadas de LED em um dos oito condomínios que administra, viu a conta de cada apartamento baixar de R$ 260 para R$ 240.

Porém, ele alerta que as medidas de economia não devem ficar apenas sob a responsabilidade dos síndicos. Segundo Harbs, é muito importante que os condôminos se conscientizem e também contribuam para a redução das despesas com atitudes simples. "O morador que perceber algum vazamento de água no prédio deve providenciar o conserto imediatamente", exemplifica.

Para economizar energia, o síndico afirma que os moradores devem dar preferência para o uso do portão social em vez daquele da garagem, que precisa de um enorme motor para funcionar. "São coisas simples, do dia a dia, que requerem um pouco de educação. Sempre quando envio a taxa de condomínio mando junto algumas orientações e um ‘puxão de orelha’", diz.

Água ainda é tabu
A redução do consumo de água tira o sono dos síndicos. Isso porque nem todos os prédios consomem a quantia mínima cobrada pela Sanepar e, mesmo assim, precisam desembolsar o valor cheio no fim do mês. A maioria dos novos edifícios é erguida com um bom sistema de captação de água da chuva e, normalmente, têm condições de fazer uma cobrança individualizada da água, mas os antigos não possuem tais diferenciais.

Segundo o administrador Edemir Alves dos Santos Filho, é possível lançar mão de algumas táticas para economizar sem grandes investimentos. Uma das formas é instalar um aparelho que elimina o ar das tubulações de água e permite um registro mais exato do consumo, ou seja, faz com que os moradores paguem apenas o que gastaram. Outra sugestão é colocar uma garrafa PET de dois litros dentro da caixa acoplada para reduzir o consumo de água na hora da descarga. São dicas mais "caseiras" que podem impactar na conta no fim do mês.

Planejamento é necessário
Santos Filho alerta ainda que antes de tomar qualquer medida de redução de custos é necessário muito estudo e planejamento. O momento não permite fazer investimentos desnecessários.

Ao mesmo tempo, nem tudo é válido na hora de tentar economizar. Não é raro encontrar condomínios afundados em dívidas simplesmente porque os síndicos se recusaram a aumentar alguns reais na taxa mensal paga pelos moradores.

Quando o reajuste não é aplicado corretamente, a administração pode ficar sem dinheiro para pagar despesas importantes, como o INSS dos funcionários, por exemplo. Deixar as dívidas acumularem pode representar um verdadeiro tiro no pé. Pois, os custos e os juros serão rateados entre todos no final.

"É fundamental trabalhar com previsões anuais e semestrais", aconselha Santos Filho. Também é essencial efetuar a cobrança da inadimplência, que ficou muito mais simples e ágil após as mudanças do novo Código de Processo Civil.

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