Imagem ilustrativa da imagem A gestão do lixo nos condomínios
| Foto: Maurílio Chieli/SMCS
Imagem ilustrativa da imagem A gestão do lixo nos condomínios



A separação correta do lixo ainda é motivo de grande dor de cabeça para os administradores de condomínios em Londrina. Falta conscientização dos moradores sobre a importância de destinar e armazenar os resíduos de forma adequada. Para esclarecer as responsabilidades dos síndicos e orientá-los sobre a gestão de resíduos, o Sindicato da Habitação e Condomínios de Londrina (Secovi) promoveu, em parceria com a Universidade Livre do Mercado Imobiliário e Condominial (Unihab), nesta semana, um curso sobre o tema.

As aulas foram ministradas pela engenheira ambiental e sócia-proprietária da Sinergia Engenharia de Meio Ambiente, Jéssica de Miranda Paulo. Os participantes aprenderam as formas corretas de acondicionamento, armazenamento, transporte e destinação final do lixo; alternativas para descartar resíduos perigosos; e como produzir adubo no condomínio. Em entrevista à FOLHA, a engenheira ambiental destacou que a obrigação da população - não só dos conjuntos habitacionais, mas da cidade como um todo -, é saber separar o lixo e, também, reduzir o consumo.

Na avaliação da síndica do Residencial Nhundiaquara, localizado na zona sul de Londrina, e uma das participantes do curso, Esvania Pereira Seret, o principal desafio é conseguir disciplinar pessoas que passaram a vida toda fazendo o descarte de forma incorreta. "Alguns moradores têm dificuldade de entender que as coisas mudaram e isso acaba gerando conflitos", apontou.
Segundo Esvania, a área de armazenamento de lixo no condomínio sob sua responsabilidade é monitorada por câmeras e não é incomum flagrar moradores misturando os resíduos. Para tentar melhorar o gerenciamento interno, a síndica afirmou que pretende fazer uma pequena reforma no espaço de descarte e colocar letreiros mais chamativos para evidenciar o tipo de lixo que precisa ser jogado em cada tambor.

ARMAZENAMENTO
No curso, a engenheira ambiental Jéssica de Miranda Paulo ensinou que é responsabilidade do condomínio promover o armazenamento interno do lixo, disponibilizar coletores e deixar os resíduos para a coleta nos dias e horários pré-determinados pela Prefeitura. No caso dos resíduos perigosos, os condôminos precisam fazer a logística reversa – devolução do produto consumido ao fabricante ou em pontos de coleta específicos. Já o descarte de fezes de animais deve ser feito diretamente no esgoto.

Para armazenar o lixo, o conjunto habitacional precisa ter um espaço exclusivo e compatível com a geração diária de resíduos. O local deve disponibilizar tambores devidamente identificados com o tipo de lixo a ser descartado. É recomendável que o espaço seja impermeabilizado, protegido de sol e chuva, possua ralo interno e seja de fácil lavagem – ambiente azulejado, de preferência. Boa iluminação e ventilação são essenciais. O acesso deve ser restrito a pessoas autorizadas.

Há a possibilidade da realização de compostagem se o conjunto habitacional tiver área verde e espaço suficiente para fazer adubo. "As pessoas que passam mais tempo em casa podem tornar-se voluntárias para ajudar", sugeriu Jéssica. Ela lembrou que o processo, que recicla materiais orgânicos, é simples, bastante antigo e muito utilizado em países de Primeiro Mundo.

TROCA DE EXPERIÊNCIAS
Para Alcindo Zoli, síndico do Edifício Nevada, localizado na zona oeste de Londrina, o aprendizado e a troca de experiências durante o curso foram muito importantes. Ele trabalha com administração de condomínios há cerca de 10 anos e confirma que a principal dificuldade na gestão de resíduos é a falta de conscientização na separação do lixo. "Temos que trabalhar para orientar melhor os condôminos, muitos ainda descartam os recicláveis da maneira incorreta", afirmou.

Como o edifício é pequeno - tem apenas 24 apartamentos -, Zoli disse que a comunicação é feita no "boca a boca". Apesar de alguns equívocos na separação, de maneira geral, ele considera que o gerenciamento do lixo é bem organizado no condomínio. "Distribuímos os sacos para cada apartamento e os próprios moradores levam o lixo até o local de armazenamento. Nossos porteiros levam os orgânicos até a rua com a ajuda de um carrinho. Os recicláveis são recolhidos pela cooperativa por uma porta que dá acesso à rua."

CONSCIENTIZAÇÃO
A Prefeitura de Londrina é responsável por fazer a coleta do lixo doméstico. Na região central, os moradores precisam separar os resíduos em três sacos diferentes – um com orgânicos, um com rejeitos e outro com recicláveis -, já nos outros bairros a separação deve ser feita em dois sacos - um com orgânicos e rejeitos e outro com recicláveis. E é aí que mora o problema. Ainda há muitas dúvidas e confusão nesta separação.

"Muita gente ainda joga resíduos perigosos, como óleo de cozinha, lâmpadas, pilhas, no lixo comum", disse a engenheira ambiental Jéssica de Miranda Paulo. Por isso a importância de desenvolver fortes campanhas de conscientização. "A responsabilidade não é apenas dos síndicos. A campanha precisa ter o envolvimento de todos os condôminos", ressaltou.

A coordenadora da coleta seletiva em Londrina, Eliene Moraes, informou que a Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização (CMTU) fez uma parceria com os agentes de endemias para conscientizar os londrinenses sobre a importância da separação correta do lixo. "A coleta seletiva tem o benefício não apenas ambiental, porque reduz o descarte de resíduos na CTR (Central de Tratamento de Resíduos), mas também porque possibilita trabalho e geração de renda para os catadores", enfatizou.

Serviço: Informações sobre dias e horários da coleta seletiva e de orgânicos, e pontos de coleta da logística reversa estão disponíveis no site do CMTU. Dúvidas podem ser esclarecidas pelo telefone 3379-7900.