O Conselho Universitário (CU) da Universidade Estadual de Londrina decidiu em reunião, na sexta-feira (17), ampliar o percentual das vagas reservadas ao sistema de cotas. Hoje, a UEL destina 40% das vagas para estudantes de escolas públicas e metade delas são para negros. A partir de 2018, a reserva de vagas passa a ser de 45%, sendo 20% para estudantes oriundos do ensino público, 20% para negros que concluíram a educação básica na rede pública e os outros 5% para negros egressos de qualquer sistema de ensino. As cotas na UEL foram implantadas em 2004 e essa foi a segunda avaliação feita desde então.

Além da mudança no percentual de reserva de vagas, o CU aumentou também o prazo de vigência do sistema e aprovou um maior intervalo entre as avaliações. O conselho decidiu que o atual modelo será válido por 20 anos com previsão de uma nova avaliação depois de dez anos, em 2028, quando poderá ser alterada a proporcionalidade na reserva de vagas, mas com a garantia de manutenção dos 45%. "Isso é muito positivo porque a última revisão foi feita com um intervalo de apenas três anos", disse a reitora da UEL, Berenice Jordão.

Sobre o aumento no percentual de reserva de vagas, a reitora avaliou a mudança positivamente. "Para que haja essa maior perspectiva de inserção dos negros se prevê também que esse crescimento se dê com 5% de avanço a cada ano e dentro de 14 anos, teríamos uma plenitude para chegar a 20% da ocupação", afirmou. "É uma política que dá resultado a mais longo prazo e não de imediato, principalmente porque o sistema de desigualdade se mantém na sociedade e se reflete no ensino superior."

Ex-aluna do curso de Educação Física da UEL e doutoranda em Ciências Sociais pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp) em Marília (SP), Mariana Panta acompanhou toda a discussão acerca da revisão do sistema de cotas da UEL e esteve presente na sexta-feira, durante a votação do CU. Ela ingressou na universidade em 2005 por meio da reserva de cotas para negros. "Fui participante da primeira turma de cotas da UEL e não tem como ter outra opinião sobre o sistema. Eu não tinha qualquer condição de investir em um cursinho para poder ingressar na UEL.

A decisão do conselho ontem (sexta-feira), de aumentar para 45% a reserva de vagas, me deixou muito contente. Mostra um avanço muito grande", comentou. "São realmente bem surpreendentes os resultados a longo prazo. Por isso tivemos toda a luta para que fosse mais demorado o processo de reavaliação, que agora será de 20 anos. Daqui a 20 anos os resultados vão ser ainda mais visíveis", comemorou a estudante.

Mariana defende, no entanto, um investimento maior da instituição na permanência dos alunos cotistas, como a concessão de bolsas de pesquisa e iniciação científica. "Hoje tem mais fragilidade em termos de permanência. É preciso ter mais políticas nesse sentido que garanta a permanência dos negros e brancos oriundos de escolas públicas."