A presidente do Movimento Todos Pela Educação, Priscila Cruz, lembra que os dados do Pisa refletem os resultados que já apareceram nas avaliações nacionais, como o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). Ela ressalta que, sem resolver os desafios de formação e valorização de professores, o País não vai conseguir avançar. "O principal fator de sucesso do aluno é a qualidade do professor", diz. "Enquanto tivermos essa condição de baixa atratividade docente, sem conseguir formar profissionais na área específica e com qualidade, não temos a menor condição de melhorar", declarou.
Para o educador Mozart Neves Ramos, do Instituto Ayrton Senna, é preocupante a distância do Brasil com a média da OCDE. São quase 90 pontos, o que equivale a aproximadamente três anos de escolaridade", disse. "Isso sem falar de quem aparece no topo, estamos falando da média mesmo".

A OCDE agrupa 34 países (a maioria ricos) e o restante realiza a avaliação como convidado. Na edição de 2012, Xangai liderava o ranking nas três áreas. A partir do ano passado, o desempenho da província chinesa passou a ser considerado em conjunto com Pequim, capital do país, Jiangsu e Guangdong. As três províncias se mantiveram conjuntamente entre as primeiras colocações. Mas a maior média nas três áreas foi registrada por Cingapura.
De acordo com Cláudia Costin, docente visitante da Universidade de Harvard, o avanço no indicador que o País registrou de 2000 a 2009 chegou ao limite dada a estrutura atual. "A gente avançou em estrutura, vários Estados e municípios passaram a ter material mais organizado, mas isso funciona até um certo limite", alertou ela, ex-diretora de Educação do Banco Mundial. "Avançamos no limite do que dava para alcançar sem mexer na formação inicial de professores."

A OCDE também destaca o acréscimo de 15 pontos percentuais desde 2003 na taxa de jovens com 15 anos matriculados. "O fato de o Brasil ter expandido o acesso escolar a novas parcelas da população de jovens sem declínios no desempenho médio dos alunos é um desenvolvimento bastante positivo", cita material da organização.
O Pisa 2015 avaliou mais de 540 mil estudantes, amostra considerada representativa de 28 milhões de jovens na faixa etária de 15 anos. No Brasil, fizeram o teste cerca de 23 mil estudantes de 841 escolas. A maior parte (78%) estava no ensino médio. A prova avalia redes pública e privada, mas 74% daqueles que fizeram a prova estavam na rede estadual.(N.C. e P.S.)