O Sindicato dos Agentes Penitenciários do Estado do Paraná (Sindarspen) reforçou nesta segunda-feira (16) o alerta sobre o quadro de vulnerabilidade do sistema prisional no Paraná. A presidente Petruska Sviercoski afirmou que na noite de sábado (14) um preso avisou por bilhete sobre a ação na Penitenciária Estadual de Piraquara (PEP) 1 e "nenhuma providência foi tomada". Ela recordou que "o mesmo ocorreu no assassinato do agente do Thiago Borges, do Setor de Operações Especiais (SOE) do Departamento Penitenciário do Paraná (Depen), em 20 de dezembro, em Londrina. "Por bilhetes, na noite anterior à fuga (no sábado), um preso avisou um dos agentes, mas nada foi feito. Já entregamos uma carta aberta para a Sesp sobre a crise, mas nenhuma medida foi tomada, sobretudo a reposição do efetivo. Hoje, os agentes fazem as movimentações dos presos sem seguir as recomendações de segurança, porque ampliaram as vagas nos presídios na caneta, sem construir uma cela", criticou.
A observação de Petruska está relacionada ao fato de que com a mudança de gestão da Secretaria de Justiça (Seju) para a Sesp, e a demora nas ampliação das 6 mil vagas para os presos, as mesmas instalações que tinham 14.522 vagas passaram a abrigar os atuais 19.428 presos. Essa superlotação foi agravada com a desafagem no efetivo, que aguarda a contratação dos 1,6 mil agentes do último concurso que vence em julho. "Outro caminho, o cumprimento das promoções atrasada, abriria 842 vagas para os agentes, mas a questão financeira está inviabilizando o sistema prisional", apontou Petruska. Ela também contestou a informação que havia 30 agentes na PEP 1 na madrugada da fuga. Segundo o sindicato não passavam de 12 agentes para dar conta de 680 presos.
O diretor-geral do Depen, Luiz Alberto Cartaxo, negou que um bilhete tivesse sido repassado ao departamento dias antes da fuga. "Esse bilhete que está até circulando nas redes sociais, o Depen nunca viu", garantiu. "O Depen recebeu informes sim e não de hoje [segunda-feira], mas desde muitos dias atrás. Nós recebemos informações de que haveria uma tentativa de explodir muro na penitenciária em Piraquara, não precisando qual delas", admitiu em seguida. As informações sobre uma possível fuga haviam sido repassadas ao departamento há mais de um mês e, conforme Cartaxo, houve reforço na segurança das unidades. "Tanto que, no momento da abordagem, nós conseguimos deslocar gente suficiente para aquela região da penitenciária, o que resultou na contenção da fuga, que poderia ter sido de 180 presos e não de 28 como foi", afirmou.
Segundo Cartaxo, há cerca de 3,5 mil agentes penitenciários nas unidades do Estado, considerando servidores em licença médica e em férias. Ele afirmou que 16 novos agentes penitenciários foram contratados recentemente, além de 1.201 agentes de cadeia pública. Outros 36 agentes penitenciários serão nomeados em breve. Limitações orçamentárias impedem a contratação de mais servidores. No entanto, ele acredita que não haja deficit de profissionais, mas sim falta de otimização dos serviços. "Houve muito investimento em pessoal e pouco investimento em tecnologia e em dispositivos de segurança que evitem o contato dos presos com os agentes penitenciários. É possível movimentar uma unidade penitenciária sem esse contato direto. É nisso que estou trabalhando", ressaltou.