Com os dados indicando que o ápice da epidemia de dengue ainda estar por vir, uma reunião promovida pela Comissão de Seguridade Social, da CML (Câmara Municipal de Londrina), na tarde desta sexta-feira (1) trouxe para o debate o poder público, entidades e a população para tratar de ações e soluções no combate ao mosquito transmissor da doença. Com foco em ações conjuntas entre a população e o governo, o objetivo do encontro foi entender o que já vem sendo feito e o que pode ser ampliado.

Presidente da Comissão de Seguridade Social, a vereadora Lenir de Assis (PT) pontua que os casos de dengue estão numa crescente alarmante no município. O avanço, segundo ela, é possível ser controlado se todos fizerem a sua parte no combate ao mosquito. Por isso, a meta da reunião foi buscar “proposições realizáveis e possíveis” para conter a proliferação do mosquito transmissor da dengue por meio da distribuição das tarefas.

O professor do Departamento de Biologia Animal e Vegetal da UEL (Universidade Estadual de Londrina), João Antônio Cyrino Zequi, afirma que não faltam tecnologias disponíveis no combate ao mosquito. O que falta é a implantação e manejo correto de cada uma delas. Ele pontua que o monitoramento é uma fator de grande importância, sendo que uma das ferramentas que podem ser utilizadas pelos municípios é o Info Dengue, da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), que traz a situação de cada cidade em relação aos casos e a infestação do mosquito. No Paraná, são 17 municípios em situação de emergência para a doença.

Outro ponto abordado pelo professor é que não é possível erradicar o mosquito, já que ele é muito resistente. Em Londrina, por exemplo, 55% dos mosquitos não morrem com a utilização de inseticidas. Reforçando a importância do monitoramento, o professor afirma que a UEL vem desenvolvendo um software que vai trazer o mapa de infestação do mosquito por meio de armadilhas, o que pode colaborar com os municípios no combate à dengue.

Felipe Assan Remondi, chefe da Divisão de Vigilância em Saúde da 17ª Regional de Saúde, ressalta que a dengue é uma doença que impacta com força os serviços de saúde, já que a grande maioria dos doentes com quadros leves precisam voltar pelo menos duas vezes às unidades após o diagnóstico. Na Covid-19, por exemplo, 95% dos casos leves não exigiam retorno. Como sugestões, ele reforça que é necessário intensificar a remoção de criadouros do mosquito pelo fato de que cada vaso de planta pode conter até cinco mil ovos. Além disso, Remondi destaca que é fundamental os investimentos em polos de hidratação, assim como na capacitação dos profissionais para identificar e lidar com os pacientes, tendo cuidado especial com idosos e pessoas com comorbidades que não conseguem fazer a hidratação oral adequada.

O secretário de Saúde Felippe Machado também participou da reunião, detalhando que a pasta tem 200 agentes em campo e já está no sétimo ciclo de fumacê. No entanto, ele critica o fato de que das 13 mil vacinas disponibilizadas para a cidade, englobando 100% das crianças entre 10 e 11 anos, pouco mais de 2.800 foram aplicadas até o momento. “É inaceitável perder vidas para uma doença que é evitável”, reforça.