Belo Horizonte - Um dos primeiros atos do novo procurador-geral de Justiça de Minas Gerais, Antônio Sergio Tonet, foi remover os três promotores mais atuantes da força-tarefa criada pelo Ministério Público do Estado para investigar o rompimento da barragem do Fundão, da mineradora Samarco (controlada pela Vale e BHP Billinton), ocorrida em novembro do ano passado.

O novo chefe do Ministério Público mineiro foi empossado na noite de segunda-feira (5). Tonet determinou que os promotores Mauro Ellovich, Carlos Eduardo Ferreira Pinto e Marcos Paulo de Souza Miranda deixem os postos que ocupam na área ambiental na sede do MPMG, em Belo Horizonte, e retornem para suas comarcas de origem: Igarapé, Ribeirão das Neves e Santa Luzia, respectivamente.

Um promotor que pediu para não se identificado diz que a mudança se deve ao fato de os três não concordarem com a volta das atividades da Samarco no Estado até que todas as licenças ambientais estejam esclarecidas. "É uma das piores coisas que aconteceram para gente", afirma Mônica dos Santos, uma das integrantes da Comissão de Moradores Atingidos de Bento Rodrigues. Para ela, os moradores confiavam no trabalho dos promotores. "Será que os novos vão se preocupar com a gente ou somente com os interesses da mineradora?".
Quem assumirá a coordenação do Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiça de Defesa do Meio Ambiente, do Patrimônio e Histórico Cultural, de habitação e Urbanismo será Rômulo Ferraz, que acumulará com a função de Procurador-Geral de Justiça Adjunto Institucional.

As operações da Samarco estão paralisadas desde o dia 5 de novembro do ano passado, quando a barragem do Fundão rompeu e matou 19 pessoas, devastou distritos de Mariana e atingiu o Rio Doce, provocando colapso no abastecimento de água de diversas cidades, poluindo toda a bacia do Rio Doce e levando a lama de rejeitos de minério até o Oceano Atlântico.