Detentos da cadeia pública de Cambé (Região Metropolitana de Londrina), que, ao longo do mês de outubro, conviveu com fugas e tentativas, gravaram dois vídeos retratando a superlotação do espaço. São 190 pessoas em um espaço destinado para 32. "A gente não tá negando os nossos erros, mas é impossível ficar aqui", afirmam os presos no Youtube.



"Tá lotado! Tá lotado!", dizem os detentos, que indicam a falta de espaço gesticulando com os dedos. "Nóis quer apenas os nossos direitos", explicam. De acordo com o vice-presidente do Sindicato dos Delegados de Polícia Civil do Paraná (Sidepol), Ricardo Casanova, salientou que a cadeia de Cambé é "um barril de pólvora, prestes a explodir a qualquer momento"."A única instituição que não tem nada a ver com essa questão é a polícia. Esse é um assunto que o Estado teima em não resolver", criticou.

O coordenador estadual do Movimento Nacional dos Direitos Humanos (MNDH), Carlos Santana, reforçou as críticas. "São promessas em cima de promessas. Não vemos nada sair do papel".

A reportagem entrou em contato com o delegado de Cambé, Roberto Fernandes de Lima, para esclarecer como os celulares entraram nas celas e como os detentos tiveram acesso à internet, mas não houve retorno até o fechamento da matéria.

Procurada pela reportagem, a assessoria de imprensa do Departamento Penitenciário do Paraná (Depen) respondeu por meio de uma nota oficial:

A Secretaria da Segurança Pública e Administração Penitenciária do Paraná, assim como a direção da Polícia Civil e do Departamento de Execução Penal (Depen), estão cientes do problema de superlotação nas carceragens das delegacias do Estado. Importante salientar que já houve avanços: no início de 2011 a Polícia Civil gerenciava em torno de 14 mil presos e hoje o número é de aproximadamente 9,5 mil.

A solução para o caso de superlotação são as 14 obras de construção e ampliação de unidades prisionais. Serão abertas cerca de 7 mil novas vagas.

Uma delas é a Casa de Custódia de Londrina, que terá capacidade para abrigar 752 presos.

Importante explicar que a transferência de presos para o sistema prisional depende da autorização do Comitê de Transferência de Presos (Cotransp) local.