Cento e dois quilos a menos, sem redutores de apetite e sem cirurgias. Milagre? Não para a antropóloga Sílvia Bonini Regiani, 32 anos, autora e personagem do livro ''Mulhersegura.com'', que mostra a trajetória para emagrecer estes tantos quilos nos últimos cinco anos.
A referência a uma mulher segura não é à toa - com um diagnóstico que apontava a possibilidade de morte precoce, ela foi buscar em si mesma as razões para a maneira com que se relacionava com a comida e com o próprio corpo. As anotações informais, que virariam parte do livro, começaram como uma espécie de conversa consigo mesma, uma forma que ela encontrou para tentar entender os sentimentos que vivia.
A tal ''notícia de óbito'' ela teve, na verdade, por duas vezes, aos 21 e aos 27 anos. Isso por conta de uma diabetes tipo 2 que chegou a índices próximos a 500 de glicemia e hipertensão de 22 por 8, resultados da obesidade que a acompanhava desde a infância. ''Eu só tinha dois caminhos - ou continuava comendo, ou morria'', lembra. Mas, a primeira motivação para mudar - confessa - não foi pela saúde, e sim pela estética. ''O gordo não é aceito pela sociedade, é discriminado, motivo de chacota'', afirma.
No fundo, o emagrecimento se deu dentro daquela ''receita'' que todo mundo conhece bem - uma dieta mais saudável e prática de atividade física. Com um diferencial - neste processo, a análise foi fundamental. Foram 10 anos de psicanálise buscando o autoconhecimento. ''Tive que ficar em silêncio para me escutar, e me conhecer foi fundamental'', avalia.
Começou caminhando 250 metros, o ''pouco'' que conseguia, e descobriu prazeres que nem imaginava: ''adoro ir ao (lago) Igapó 2, porque tem amora, pitanga, árvores floridas, descobri coisas para me dar prazer'', conta. Começou a dançar e ''descobriu'' o flamenco, que lhe deu ''a poética de ser apenas a Sílvia''. E ao nadar, em piscina aberta, gosta de olhar para o céu.
Começou a perceber que seus órgãos precisavam ser nutridos para funcionarem bem, e que sua estrutura óssea precisava carregar menos peso para não sofrer. A comida, então, passou a ser sagrada, assim como os horários para se alimentar. '' Aprendi até onde meu metabolismo vai. Precisei entender que estava 'machucando' meu organismo quando colocava quatro quilos de comida para dentro. Hoje meu corpo 'pede' comida saudável'', diz.
E não se privou de nada, nem de ser feliz, nem de errar. ''Adoro comer. Não perdi esse prazer. Apenas aprendi a lidar com esse prazer dentro de limites'', avalia ela, ao saborear uma apetitosa tortinha de chocolate. É por isso que o único milagre, considera Sílvia, talvez tenha sido o aprendizado de amar a si mesma tão profundamente. ''Não existe uma receita, existe é você se conhecer, e assumir a responsabilidade pela própria saúde '', ensina.

Serviço:
Lançamento do livro ''mulhersegura.com - 102 quilos a menos sem redutores de apetite e sem cirurgias'', e do site, no dia 28 de setembro, às 16 horas, na Livraria Porto, em Londrina. O lançamento nacional acontece no dia 15 de outubro, em São Paulo.