Campinas, SP - O motoboy Briner César Bitencourt, 22, que estava preso havia um ano em Palmas, no Tocantins, morreu na segunda-feira (10), pouco antes do horário em que seria solto. Ele nem soube da absolvição, segundo sua advogada, Lívia Machado Vianna. A família acusa o sistema prisional de negligência porque havia 14 dias que o jovem reclamava de dores abdominais e não conseguia se alimentar.

A Seciju (Secretaria da Cidadania e Justiça do Tocantins) declarou em nota que Bitencourt recebeu a assistência necessária e que a causa da morte ainda não foi esclarecida.

De acordo com a advogada, Bitencourt alugava um dos quartos em uma casa onde foram encontrados pés de maconha atrás de uma parede falsa. "Ele foi preso em 12 de outubro de 2021. Os outros dois presos foram condenados e testemunharam que meu cliente não sabia de nada. Nós conseguimos provar a inocência dele, mas ele morreu horas antes de ser solto", diz.

Beatriz Sampaio, 27, recepcionista e irmã do motoboy, acusa o sistema prisional de negligência. "Ele foi levado para a UPA (Unidade de Pronto Atendimento), chegou de cadeira de rodas, contou para a médica que estava mal fazia 14 dias, sem conseguir comer direito e com muitas dores abdominais. Ele foi intubado, teve parada cardiorrespiratória e morreu. Isso foi uma negligência do sistema prisional com a saúde dele", afirma Beatriz.

A recepcionista diz que a família não foi informada das queixas de saúde do irmão. A mãe o visitou em setembro e o próximo encontro ocorreria em 22 de outubro, já que é permitida apenas uma visita por mês na UPP (Unidade Penal Regional de Palmas).

"Na última visita ele estava bem, não se queixava de dores. Só disse que não conseguia comer direito porque a comida não era das melhores", conta.

Segundo a advogada, Bitencourt trabalhava em dois empregos, um entregando marmitas na hora do almoço e outro entregando lanches no período da noite. Por isso, alugou um quarto no esquema de república, para economizar.

"Policiais militares entraram sem mandado, revistaram o quarto dele, que era o primeiro e tinha entrada separada da casa, e não encontraram nada. No fundo, no quarto do dono, encontraram os pés de maconha atrás de uma parede falsa. Eles explicaram que o Briner não tinha acesso àquela parte da casa e não tinha envolvimento, mas ainda assim ele foi preso em flagrante", explica a defensora.

A Seciju afirmou em nota que prestou toda a assistência necessária a Bitencourt e que ele foi acompanhado pela equipe de saúde em diversas consultas e também encaminhado para atendimento especializado.

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