A missa de Lava-pés é celebrada nesta quinta-feira (28) e é um dos momentos mais aguardados pelos fiéis na Semana Santa. Durante a celebração, o sacerdote faz a lavagem dos pés de 12 fiéis, semelhante ao ato de Jesus Cristo com os discípulos na Última Ceia. Além da demonstração da humildade de Jesus Cristo, o Lava-pés também marca a instituição do sacramento da Eucaristia.

Dom Geremias Steinmetz, arcebispo da Arquidiocese de Londrina, explica que a Quinta-Feira Santa é o primeiro dia do Tríduo Pascal, que segue até o Sábado Santo (Sábado de Aleluia), contemplando a morte e a ressurreição de Jesus Cristo. Tradição há séculos, a Igreja Católica celebra na Quinta-Feira Santa a instituição do sacramento da Eucaristia, assim como o Lava-pés. A Eucaristia representa o alimento espiritual para que as pessoas sigam vivendo na fé; já o Lava-pés celebra o serviço da igreja perante a humanidade.

“O Lava-pés significa o serviço. A gente pode perceber o Lava-pés nas famílias que servem aqueles membros que estão em maior vulnerabilidade, [como] as crianças, os idosos e as pessoas doentes, que são cuidadas na família e, portanto, esse cuidado na família inspira o cuidado que todos nós, que a igreja precisa ter pelas pessoas necessitadas e vulneráveis”, aponta, reforçando que é deve de todos realizar o ato da caridade e do cuidado com o irmão.

Durante a celebração, é feita uma representação do momento em que Jesus Cristo lava os pés dos discípulos. “O gesto que a igreja faz é também um gesto de fraternidade e um gesto de aproximação com o mundo de hoje, que continua precisando do Evangelho”, explica.

Fechando a Semana Santa, Dom Geremias Steinmetz explica que o Domingo de Páscoa representa o momento em que Jesus Cristo ressuscita. A Páscoa, segundo ele, mostra que a vida sempre vence a morte. “Nós temos presenciado muitos sinais de morte, como a violência, a polarização, o feminicídio, guerras, fome, crianças mortas, pessoas expulsas do seu lugar, do seu Estado, das suas cidades e de perto dos seus familiares. O grande anúncio é que é possível uma vida diferente, uma vida nova”, afirma.

Segundo ele, a mudança para uma vida nova vem através do Evangelho, que ensina sobre a partilha, a fraternidade e o amor ao próximo. “Não é uma utopia, mas é que nós pouco nos esforçamos para que isso, de fato, aconteça”, pontua, reforçando o papel das igrejas na valorização da vida de cada um e ao fim da violência. “E assim todos podemos caminhar na paz do Jesus ressuscitado”, finaliza.

O empresário e catequista José de Oliveira Borges Neto, 46, é um dos fiéis que teriam os pés lavados durante a cerimônia. “A gente vai retribuir esse gesto de lavar os pés, então eu acho que esse momento vai ser surpreendente e vai ser de uma emoção fora do comum, principalmente para quem estiver na celebração e que não vai estar esperando por isso”, ressalta, complementando que esse é o momento de retribuir a humildade de Jesus Cristo.

A Semana Santa, para os católicos, tem um significado e importância muito fortes, destaca Borges. “O grande sentido da nossa religião está nesse momento. Jesus crucificado e, na sequência, ter a certeza da ressurreição dele, isso não tem preço. A Semana Santa é algo que fortalece muito a nossa fé”, afirma.

Ele admite que já passou por momentos de afastamento e de dúvidas quanto a sua fé, mas que a sua retomada para a religião foi durante uma missa no Sábado de Aleluia. “Muitas pessoas que participam desta missa têm a vida transformada porque é um momento muito especial”, afirma.

A também catequista e sócia-administradora de uma empresa de saúde e segurança do trabalho Anália Priscila Alves Ribeiro, 39, afirma que foi uma honra receber o convite para participar da cerimônia do Lava-pés. Ela acredita que o convite foi uma resposta às orações que fez durante a Quaresma, pedindo a Deus para ser digna de seu amor e sacrifício.

“O sentimento que tenho é de que sou a filha amada de Deus, assim como o apóstolo João se descrevia em seu Evangelho”, diz.

Na Catedral de Londrina, a Sexta-Feira Santa (29) começa às 8h com uma vigília, que segue até as 14h30; às 9h acontece a Via Sacra encenada, que trata do sofrimento de Jesus Cristo; a partir das 14h tem o Terço da Misericórdia; e, às 15h, começa a celebração da Paixão do Senhor seguida da procissão com Cristo morto.

No sábado (30), às 18h, vai ser realizada a Vigília Pascal; e no Domingo de Páscoa (31), fechando as celebrações da Semana Santa, vão ser realizadas missas às 8h, às 10h30 e às 18h.