O acidente de trânsito que causou a morte do fotógrafo Wilton Miwa, em Londrina, completa um ano neste sábado (21). Ele conduzia uma motocicleta quando foi atingido por uma caminhonete Amarok, cujo motorista era o empresário Jamildo Assis Júnior.

O caso foi investigado pela PC (Polícia Civil) e o MP (Ministério Público) denunciou Júnior por homicídio duplamente qualificado - por motivo fútil e por dificultar a defesa da vítima. A acusação é de que ele teria jogado propositalmente a caminhonete em cima do motociclista depois de uma discussão de trânsito nas proximidades da rotatória da avenida Ayrton Senna com a rua Bento Munhoz da Rocha, na zona sul de Londrina. Miwa chegou a ser socorrido, mas morreu nove dias depois no hospital.

À FOLHA, o irmão de Wilton, William Yoji Miwa, classifica o caso como “assassinato” e diz que “minha família toda está esperando justiça, meus amigos e os amigos do meu irmão”.

“Ele fez o que fez e meu irmão passou nove dias lá [internado], totalmente quebrado, com os pulmões perfurados. Eu vi ele tendo que entrar em hemodiálise, depois ele ficando cego”, conta o acupunturista e massoterapeuta, que mora em São Paulo. Ele cita que a mãe deles morreu um mês após a morte do fotógrafo. O pai deles também faleceu pouco tempo depois, em Londrina.

“Foi um assassinato e agora é esperar o dia do julgamento”, acrescenta Miwa, que aponta que “toda a sociedade londrinense espera que seja feita justiça, para que uma família londrinense fique tranquila”.

Ele também ressalta que tem acompanhado o processo de perto, viajando frequentemente para Londrina, e agradece a todas as pessoas que prestaram ajudaram seu irmão. “Espero justiça porque é um caso emblemático que exige uma lição rigorosa”.

DEPOIMENTO

O empresário responde ao processo em liberdade e, na última quarta-feira (18), prestou depoimento à Justiça. Ele negou ter bebido naquele dia e jogado propositalmente a caminhonete contra a moto de Wilton. O vídeo foi divulgado inicialmente pela RPC.

“Tinham três motoqueiros. Os três motoqueiros acharam que eu não ia parar, que eu ia atravessar a preferencial, mas eu parei. Eles passaram em frente à minha caminhonete e começaram a me xingar. Me seguraram um pouco, mas na hora que eles foram eu também fui. Duas motocicletas pegaram a primeira rua à direita, a motocicleta do senhor Wilton foi na rua do lado, onde eu estava indo também, atrás dele, na mesma direção”, relatou Júnior, acrescentando que a vítima parou a motocicleta em um semáforo, em frente à sua caminhonete. “O sinaleiro abriu e ele não me deixou passar, começou a me xingar. Não tinha como ir, o sinal estava aberto, mas se ele não saísse da frente não dava para ir. Até que ele foi na pista da direita, eu estava na pista do lado esquerdo, e na hora que eu percebi a moto estava embaixo da caminhonete e o senhor Wilton do lado direito. É isso que eu lembro.”

Após a colisão, a caminhonete do empresário arrastou a moto por cerca de dois quilômetros. Wilton caiu e não foi arrastado.

Júnior também disse que, após o acidente, “começou a chegar gente atrás” e, por medo de ser agredido, saiu do local. Ele relatou que não conhecia a vítima, não consumiu álcool naquele dia - no veículo foi encontrada uma garrafa de bebida, conforme os autos - e não jogou a caminhonete sobre o fotógrafo.

A reportagem entrou em contato com a defesa do empresário, mas não obteve resposta até o fechamento desta edição.