A comunidade escolar do CEP (Colégio Estadual do Paraná) denunciou uma situação de suposto abuso de autoridade ocorrida nesta segunda-feira (20), em Curitiba. O caso aconteceu durante uma reunião pedagógica para abordar um caso de racismo envolvendo alunos da instituição na segunda, que foi Dia da Consciência Negra.

De acordo com a Seed (Secretaria Estadual de Educação), os responsáveis pelos estudantes foram convocados “para resolver a questão em nível pedagógico”. Mas, durante a reunião, o pai do aluno acusado, que é sargento da PM (Polícia Militar), deu voz de prisão à mãe do estudante vítima de racismo.

“A direção do colégio agiu imediatamente, acionando o Batalhão de Patrulha Escolar Comunitária (Bpec), que prosseguiu com a condução dos envolvidos à delegacia”, continua a Seed, pontuando que a mãe do estudante registrou um Boletim de Ocorrência por abuso de autoridade, e o sargento por desacato. “A direção está oferecendo apoio às vítimas tanto de racismo quanto de abuso de autoridade”.

“Reforce-se que as ações dos pais dos alunos estão além do escopo da escola, que está colaborando plenamente com as autoridades competentes para esclarecer e resolver o incidente”, completa.

A situação envolvendo a mulher e o policial militar foi gravada em vídeo, que ganhou repercussão nas redes sociais. É possível ouvir a mãe de um dos alunos dizendo que tem o direito de sair do local e que o policial não pode mantê-la presa. Como resposta, o PM, que está fardado, diz: “Eu vou algemar a senhora. A senhora quer ficar algemada?”

Em nota, a APP-Sindicato (Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Paraná) repudiou a postura do PM, dizendo que ele “extrapolou sua condição de pai, desrespeitou a comunidade e fez o pior uso possível da farda, demonstrando o completo despreparo da corporação para lidar com conflitos no ambiente escolar”.

A secretária educacional da APP-Sindicato, Vanda do Pilar Santana, ressalta que o ato racista ocorreu durante uma atividade sobre o 20 de novembro e que é fundamental colocar esse fato no centro do debate.

"Durante a reunião, diante da manifestação da mãe da vítima, o pai de um dos acusados entrou em discussão. Ele estava com farda e armado e colocou como tendo sofrido um desacato da sua autoridade", diz a secretária.

“O policial extrapolou. Ali a relação é família e escola. E ele utiliza-se da suposta prerrogativa de uma posição militar, extrapolando a sua autoridade”, afirma, citando que se trata de uma “mãe na defesa do seu filho, no combate ao preconceito, na Semana da Consciência Negra”.

Santana também aponta que o sindicato entrou em contato com a direção do CEP para se inteirar do caso, e que as providências cabíveis estão sendo tomadas. “Estamos dando apoio para a mãe, para o filho, mas principalmente para a escola como um todo, para que a escola volte a debater, a enfrentar o racismo e se organizar sempre, em todos os momentos, na construção da cultura antirracista”, completa.

A PCPR (Polícia Civil do Paraná) afirma que os envolvidos foram encaminhados pela PM à Central de Flagrantes, foram ouvidos e assinaram um termo circunstanciado. “O procedimento será encaminhado ao 1° Distrito da PCPR em Curitiba para a realização de diligências complementares a fim de esclarecer os fatos”.

A Sesp (Secretaria da Segurança Pública do Paraná) disse, em nota, que “referente ao acontecimento nos dias 17 e 20 de novembro, no Colégio Estadual do Paraná, ocorreu um desentendimento entre alunos da instituição”.

“Após esse episódio, os pais desses alunos, foram convocados para maiores esclarecimentos durante uma reunião pedagógica convocada pela direção do colégio que aconteceu na tarde de ontem (20). Durante a reunião, houve uma discordância entre eles, precisando a direção do colégio acionar o Batalhão de Patrulha Escolar Comunitária (Bpec). O caso foi encaminhado para a Polícia Civil do Paraná, para esclarecimento dos fatos”, acrescentou a Sesp, pontuando que “a Polícia Militar do Paraná abriu procedimento administrativo para apurar as circunstâncias da ocorrência”.